"Parecia o Maradona!", terão dito os mais entusiastas. "Fez lembrar aquele golo do Poborsky contra o Braga, daquela vez, há uns anos!", terão dito outros adeptos - mais saudosistas - do Benfica.

As comparações, talvez exageradas pelo fulgor do momento, foram certamente muitas, mas a verdade é que a arrancada de Rafa a uma velocidade estonteante que resultou no primeiro golo do Benfica no triunfo sobre o Estoril ficará certamente guardada durante muito tempo na memória daqueles a que a ela assistiram no Estádio da Luz na noite de domingo.

Decorria o minuto 34 do encontro e os visitantes até eram, por essa altura, a equipa mais perigosa em campo quando Rafa viu a bola cair-lhe nos pés no seguimento de um pontapé de canto a favor dos 'canarinhos'. O 'camisola 27' do Benfica, sem nenhum colega por perto e com três adversários pela frente, arrancou supersónico para uma corrida de 70 metros.

Dois dos adversários ficaram desde logo para trás, incapazes de acompanhar a sua velocidade. O terceiro foi, depois, driblado já dentro da grande área, antes de uma finalização plena de classe. Um golo genial a desbloquear um jogo que dava a ideia de se estar a complicar para o Benfica.

E tudo se 'descomplicou' em definitivo na segunda parte, quando Gonçalo Ramos - que continua em grande forma - elevou a contagem para 2-0, após o Estoril ter estado uma vez mais perto de marcar. A partir daí o nível do espetáculo decresceu, mas só o golo de Rafa já tinha valido o preço do bilhete!

O Estoril ainda chegou ao (merecido) tento de honra, perto do fim, mas os três pontos já não fugiram ao Benfica. Os adeptos aplaudiram no final e a turma de Nelson Veríssimo parece entrar num 'mini estado de graça', dando seguimento à estóica passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões com nova vitória.

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O jogo: Maior eficácia do Benfica fez a diferença

Nelson Veríssimo mexeu apenas o que tinha de mexer - trocando os castigados Taarabt e Darwin por Meité e Yaremchuk - em relação ao 'onze' que havia entrado em campo triunfo de meio da semana em Amesterdão E o Benfica até entrou bem no jogo, com Gonçalo Ramos e Grimaldo a ameaçarem o golo.

Só que não tardou muito até que o Estoril respondesse, primeiro com um cabeceamento ao poste de Mboula e depois com Soria a obrigar Vlachodimos a uma defesa fantástica. E os canarinhos até estavam a passar mais tempo no meio-campo contrário na altura em que surgiu o tal golo genial de Rafa.

Depois do golo, o Benfica podia ter dilatado a vantagem ainda na primeira parte, mas foi o Estoril que ficou muito perto de empatar a abrir o segundo tempo. Valeu Vertonghen a cortar em cima da linha de golo um remate de André Franco. Pouco depois, porém, surgiu o segundo golo da turma da casa, com Gilberto a assistir Gonçalo Ramos e este a marcar o seu sétimo golo da época na I Liga, o sexto desde o virar do ano.

O Estoril pareceu baixar os braços, o Benfica adormeceu e contagiou os adeptos e só à beira do fim houve novo motivo de interesse, com Franco, que tinha errado no pontapé de canto que deu origem ao golo de Rafa, a ter uma pequena redenção e a marcar para os estorilistas aos 90+2'. Mas não havia tempo para mais.

O momento: Arrancada supersónica para a vitória

O momento do jogo, claro, só podia ser um. Aquele de que já tanto aqui falámos: o golo de Rafa, aos 34 minutos. Uma arrancada verdadeiramente alucinante, supersónica (e com muita classe pelo meio), que chega a dar a ideia de que estamos a ver o lance em 'fast forward'. É possível que os novos radares recentemente colocados na zona da Segunda Circular que fica nas imediações do Estádio da Luz tenham registado excesso de velocidade...

O melhor: 'Speedy' Rafa

Poucos dias depois de ver o seu nome fora da convocatória de Portugal para o decisivo 'play-off' de apuramento para o Mundial, Rafa marcou, talvez, o melhor golo da sua carreira e mostrou (mais uma vez) que não haverá no mundo muitos jogadores que consigam atingir a velocidade que ele atinge em progressão, com a bola controlada nos pés.

O pior: A displicência de André Franco na marcação do canto que originou o golo de Rafa

Dizem os entendidos que todos os golos, no futebol, nascem de um erro do adversário. E o de Rafa, por mais genial que tenha sido, não foi exceção. André Franco foi displicente e na marcação de um pontapé de canto à maneira curta colocou a bola diretamente nos pés do atacante do Benfica...e aconteceu o que aconteceu...

As reações

- Rafa sem nada a dizer sobre o seu golo, Nélson Veríssimo diz que Benfica ganhou "com todo o mérito"

- Bruno Pinheiro: "Não estava destinado ganhar hoje", Joãozinho destacou o bom jogo da equipa

O resumo