Em quatro duelos frente ao FC Porto, Roger Schmidt venceu três e perdeu um. O técnico alemão parece ter encontrado uma fórmula para travar os dragões que vinham de nove jogos seguidos sem perder diante dos encarnados.

Na quente noite de sexta-feira, em jogo a contar para a 7.ª ronda da Primeira Liga, valeu um golo de Di Maria para quebrar a resistência portista, equipa que jogou com menos um desde os 19 minutos.

As águias ultrapassam dragões na tabela e são líderes provisórios, com 18 pontos, mais dois que o FC Porto e o Sporting, equipa que só joga este sábado.

O Benfica ganha moral antes de enfrentar o Inter Milão para a Liga dos Campeões.  Uma derrota antes de receber o Barcelona não era o cenário que o FC Porto ambicionava.

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O jogo: Dragão não parou no vermelho

Dominador, imperial, mandão. Foi assim que o FC Porto entrou na Luz, a manter o Benfica longe da sua área. Os encarnados tentavam pressionar mas Diogo Costa conseguia bater essa pressão com a precisão dos seus passes longos, encontrando sempre um jogador livre para ligar o jogo e assim limpo rumo ao meio-campo contrário.

O Benfica, por seu lado, ia ferindo o FC Porto com transições rápidas, em momentos em que a defensiva azul e branca estava mais exposta, depois de subir o seu bloco. Schmidt tinha identificado a lentidão dos centrais portistas como lacuna a explorar, embora tivesse exposto a equipa ao risco. Os azuis e brancos tinham facilidade em entrar no último terço encarnado, faltava era definir melhor.

Essa estratégia do técnico alemão ficou vincada aos 19 minutos, quando David Neres foi lançado em profundidade na meia esquerda, em lance com Fábio Cardoso e que resultou na expulsão do central portista. O mesmo se viu ao 34 minutos, no lado contrário, com Rafa e David Carmo. O central portista viu amarelo, num lance que andou no limite da expulsão.

A verdade é que mesmo a jogar com menos um desde os 19 minutos, o FC Porto não mudou a sua postura. Sérgio Conceição refez a defesa com a entrada de Zé Pedro, o único central disponível, retirou Baró e ficou com menos um elemento para ligar o jogo.

Agora teria de ser pelas incursões de Pepê em velocidade, comendo metros com a bola, tanto à direita como no meio, levando a equipa para a frente. Galeno também teve papel decisivo. Até ao intervalo, era o FC Porto quem dominava, com mais remates enquadrados até (2), contra nenhum do Benfica, equipa que rematou pela primeira vez aos 29 minutos.

O segundo tempo trouxe um Benfica mais rápido na circulação, com variações de flanco com menos toques na bola. Depois de várias ameaças, marcou finalmente aos 68 minutos, por Di Maria. Depois foi defender o resultado, mantendo a bola, perante um FC Porto muito desgastado.

Foi o terceiro triunfo de Roger Schmidt em quatro jogos contra o FC Porto desde que é treinador dos encarnados. Nos quatro jogos, o FC Porto entrou sempre melhor, em duas das três derrotas, só sofreu o golo quando se apanhou a jogar com menos um, após expulsões no primeiro tempo que condicionaram a equipa. Foram 134 minutos com menos um em duas partidas.

O Benfica não vencia o FC Porto na Luz desde outubro de 2018. E há 13 anos que não ganhava dois jogos seguidos aos dragões.

Momento do jogo: Expulsão de Fábio Cardoso condicionou estratégia portista

Quando João Pinheiro sacou do cartão vermelho para expulsar Fábio Cardoso no lance com David Neres aos 19 minutos, veio à memória portista a expulsão de Eustaquio na época passada no Dragão, quando o FC Porto também perdeu por 1-0 com os encarnados, após estar a jogar com menos um. O central fez o carrinho e até cortou a bola mas, com a perna levantada, derrubou o extremo brasileiro que ia ficar com a bola, em direção à baliza.

Faltando um para correr e pressionar, era questão de tempo até haver um erro, tal o cansaço acumulado.

Os Melhores: Di Maria volta a resolver

Tal como aconteceu na Supertaça, Di Maria voltou as ser preponderante e a dar resposta quando o Benfica mais precisava da sua capacidade de decisão. Apesar de estar menos interventivo no jogo, quando teve oportunidade, mostrou a sua classe: o passe que faz para David Neres ficar perante Diogo Costa (fantástica defesa do guardião portista) aos 56 é sublime. E ter marcado o único golo do jogo num clássico, merece crédito.

Em noite 'não': lentidão trava centrais portistas

A facilidade com que Rafa bateu David Carmo em velocidade no lance que quase resultava em vermelho para o portista aos 34 minutos mostra bem as fragilidades da defensiva portista em campo aberto. Quando a equipa sobe em bloco mas depois perde a bola, se a contra-pressão não resultar, os centrais ficam muito expostos num um-contra-um. O mercado é só em janeiro e até lá, Sérgio Conceição não terá soluções.

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