O Benfica saiu de Barcelos com uma vitória robusta e incontestável, num jogo onde a diferença de qualidade entre as equipas foi evidente ao longo dos 90 minutos.

A formação de Bruno Lage entrou determinada e impôs o seu jogo desde o apito inicial, controlando a posse de bola, pressionando alto e explorando bem as alas, sobretudo pelo lado esquerdo com Bruma, que foi uma constante dor de cabeça para a defesa gilista

O jogo: a chama sempre a subir

A equipa encarnada demonstrou uma intensidade constante e uma organização tática que abafou qualquer tentativa do Gil Vicente em criar perigo. Kokçu e Aursnes foram os motores do meio-campo, garantindo não só construção ofensiva como também uma forte reação à perda, recuperando rapidamente a bola e impedindo os gilistas de respirar.

A decisão de Lage em promover a titularidade de Belotti revelou-se acertada, pois o avançado italiano ofereceu mobilidade e presença física na frente de ataque, sendo uma referência constante para os seus colegas.

Por outro lado, o Gil Vicente voltou a demonstrar as dificuldades que têm marcado a sua temporada. A equipa de Barcelos mostrou-se ansiosa e incapaz de ultrapassar a pressão alta dos encarnados, sendo forçada a jogar longo e a abdicar da construção apoiada.

A linha defensiva teve dificuldades em lidar com a velocidade e criatividade dos extremos benfiquistas, enquanto o meio-campo raramente conseguiu impor-se ou segurar a posse de bola.

Na segunda parte, o cenário manteve-se semelhante, com o Benfica a gerir a vantagem e a explorar os espaços deixados pela defesa gilista. A entrada de Di María acrescentou qualidade e experiência, sendo premiado com um golo nos instantes finais, na conversão de uma grande penalidade. O Gil Vicente revelou vontade, mas faltou clarividência e soluções ofensivas para criar verdadeiro perigo junto à baliza de Trubin.

O momento: Di María abençoado

O regresso de Ángel Di María aos relvados, após semanas afastado por lesão, não poderia ter tido um desfecho mais perfeito. O internacional argentino voltou a pisar o relvado em Barcelos sob uma salva de palmas dos adeptos encarnados, ansiosos por ver o seu virtuosismo novamente em ação. E não desapontou.

O momento alto da noite chegou aos 90+6 minutos, num lance que espelhou a classe e a astúcia que sempre caracterizaram El Fideo. Com aquela mistura única de elegância e engenho, Di María conduziu a bola pela área adversária, aproveitando um passe magistral para se infiltrar na defensiva gilista. Josué tentou parar o argentino, mas o toque infrator resultou num penálti indiscutível.

A responsabilidade recaiu naturalmente sobre o próprio Di María, que assumiu a marcação com a frieza de quem já viveu noites grandes em estádios míticos por todo o mundo. O argentino fez o que melhor sabe: enganou o guarda-redes e atirou para o fundo das redes, selando o 3-0 final. Um golo com um sabor especial, não só pela tranquilidade que deu à equipa, mas também pela emoção que trouxe ao jogador, de volta aos relvados após um período difícil.

Este momento foi mais do que um simples golo. Representou um marco no seu regresso, um sinal claro de que a lesão ficou para trás e que a magia está intacta. Di María mostrou estar pronto para ser novamente um elemento desequilibrador no plantel de Bruno Lage, capaz de decidir partidas e acrescentar experiência e classe em momentos decisivos.

O melhor: Bruma de vitória

Se houve um nome que se destacou no triunfo do Benfica em Barcelos, foi Bruma. O extremo português rubricou uma exibição inspirada, assumindo o papel de principal e confirmando o excelente momento de forma que tem atravessado esta temporada. Desde o apito inicial, Bruma mostrou-se confiante, elétrico e determinado a deixar a sua marca no jogo.

Foi uma constante dor de cabeça para a defensa gilista. Com velocidade, drible curto e um excelente controlo de bola, ultrapassou adversários em jogadas sucessivas, criando oportunidades e desestabilizando. Não se limitou a correr para a linha de fundo; procurou espaços interiores, combinou com os médios e revelou uma visão de jogo que o tornou imprevisível e perigoso.

O lance que culminou no primeiro golo do Benfica é um reflexo perfeito da sua qualidade. Bruma recebeu a bola na esquerda, fintou o defesa com um movimento rápido e colocou um cruzamento perfeito para a entrada de Aursnes, que finalizou de primeira para o 1-0. Uma assistência exemplar que mostrou não só a sua capacidade de improviso, mas também a frieza para decidir bem no momento certo.

O que disseram os treinadores:

César Peixoto, treinador do Gil Vicente.

Bruno Lage, treinador do Benfica.