Uma verdadeira obra de arte, candidata a figurar entre os candidatos ao prémio Puskas e digna de aparecer naquelas compilações de momentos de pura magia do futebol, assinada por Nuno Santos, abriu caminho a um triunfo tranquilo do Sporting na receção ao Boavista na noite de domingo. Era mesmo disso que os leões precisavam, em vésperas de jogarem, talvez, a última cartada da época, quinta-feira, em Londres.

Nuno Santos foi, sem dúvida, a figura do jogo. Sê-lo-ia sempre, pelo golaço 'de letra' que marcou, logo aos 17 minutos, e que desbloqueou um jogo que, até aí, parecia mostrar vir a ser mais um espelho do que tem sido a época dos leões, com alguns bons lances de futebol, mas demasiada ineficácia na finalização (antes do golo de Nuno Santos, Chermiti já tinha enviado uma bola à trave e falhado um golo isolado, com Marcus Edwards e Esgaio a disporem também de boas exibições).

Mas Nuno Santos não se ficou por esse golo. Sempre a subir no terreno pela sua ala esquerda, foi uma dor de cabeça constante para a defesa do Boavista, fez o cruzamento para o segundo golo leonino (marcado, na própria baliza, por Salvador Agra) ainda antes do intervalo e dispôs de mais algumas boas oportunidades para voltar a marcar. Uma exibição de grande nível, que ajudou e muito a que a vitória do Sporting fosse tranquila, como foi.

Do outro lado esteve um Boavista que até tinha ganho ao Sporting na primeira volta, no Bessa, mas que desta vez pouco ou nada fez para importunar os verdes e brancos, somando mais uma derrota (e mais um jogo sem marcar) em Alvalade. Já são 15 derrotas nas últimas 15 visitas ao terreno do Sporting, tendo os axadrezados ficado mesmo em branco nas últimas oito. A turma de Petit parece também, definitivamente, já ter vivido melhores dias nesta I Liga: nos últimos sete jogos, apenas ganhou um.

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O jogo: superioridade inquestionável do Sporting

Rúben Amorim mexeu cinco peças tendo em conta o onze inicial que havia apresentado frente ao Arsenal, na passada quinta-feira, rodando assim praticamente meia equipa, com o duelo da 2.ª mão dos oitavos de final da Liga Europa com os Gunners no horizonte. E, mesmo com essas mexidas, os leões entraram determinados em resolver cedo a questão frente ao Boavista, de forma a poderem relaxar um pouco antes da ida a Londres.

Chermiti, uma das novidades, viu Bracali defender um seu desvio de cabeça logo no primeiro minuto, Marcus Edwards rematou em jeito ligeiramente por cima no minuto 2, Nuno Santos (que também não tinha sido titular contra o Arsenal) rematou ao lado aos sete, Esgaio não chegou por pouco para encostar ao segundo poste aos dez e, novamente, Chermiti falhou isolado aos 12.

A bola, porém, como em tantos jogos do Sporting esta época, teimava em não entrar. Mas entrou aos 17 minutos. Depois de falharem alguns lances de finalização bem mais fácil, os leões acabaram por ganhar vantagem num remate que precisou de muita arte de Nuno Santos para acabar no fundo das redes. Estava feito o mais difícil (literalmente).

O Sporting somou mais algumas ocasiões de golo - quase sempre com Nuno Santos nos lances - antes de chegar ao segundo golo, à beira do intervalo. Nuno Santos, claro está, em mais uma investida pela esquerda cruzou recuado para Pedro Gonçalves e, na tentativa de se antecipar ao jogador leonino, Salvador Agra, de carrinho, acertou em cheio na bola e fez autogolo. 2-0 no marcador e vantagem segura no marcador para a equipa de Rúben Amorim, que mesmo desacelerando um pouco quase não viveu sobressaltos na sua defesa no segundo tempo, criando mais algumas oportunidades (incluindo um remate de Ricardo Esgaio à trave num grande lance individual) antes de Paulinho, que entretanto entrara para o lugar Chermiti, encostar para o 3-0 final já nos descontos, assistido por Esgaio. Foi o terceiro jogo seguido a marcar do ponta-de-lança.

Contas feitas, quarta vitória consecutiva do Sporting na I Liga (terceira seguida sem sofrer golos) e uma série de sete jogos sem perder no conjunto de todas as competições. Os leões vão rumar a Londres motivados e a atravessar um bom momento.

O momento: Melhor o que assistir 'de letra'? Só marcar 'de letra'

O golo de Nuno Santos foi, naturalmente, o momento do jogo. Quer pela sua nota artística, quer pela importância que teve para o desenrolar do encontro, desbloqueando o marcador. Foi um momento de pura magia: Nuno Santos havia, curiosamente, feito uma assistência 'de letra' para o golo do Sporting na derrota da primeira volta por 2-1 frente ao Boavista, mas desta feita foi ele a colocar a bola no fundo das redes com o mesmo gesto técnico, no qual confirma ser um verdadeiro especialista. Notável!

O melhor: Nuno Santos, mas não só

Nuno Santos já recebeu elogios mais do que suficientes pelo que fez neste triunfo do Sporting sobre o Boavista. Mas houve mais leões em bom nível: Franco Israel mostrou segurança quer a jogar com os pés, quer a segurar a bola nos cruzamentos, Diomande voltou a dar cartas no centro da defesa, Esgaio fez lembrar Porro com as suas investidas pela direita, e homens que vieram do banco, como Tanlongo e Paulinho, também mostraram serviço.

O pior: Muito desperdício do Sporting apesar da vitória e um Boavista que nada fez

O Sporting ganhou sem sobressaltos, mas voltou a desperdiçar lances cuja finalização parecia fácil, como tantas vezes tem sucedido esta época. Desta vez não fizeram falta, mas uma vez mais houve perdidas que não deviam acontecer ao mais alto nível (e até Nuno Santos, que tão bem jogou, protagonizou uma delas). Mas mais grave do que a os golos falhados pelo Sporting foi a inoperância o Boavista ao longo de todo o jogo: os axadrezados não fizeram um único remate na direção do alvo.

As reações

Rúben Amorim elogiou atitude da equipa, Nuno Santos destacou a importância da vitória

Petit reconhece que o Boavista não existiu enquanto equipa, Pedro Malheiro afinou pelo mesmo diapasão

O resumo