Depois da tempestade, com as duas derrotas seguidas para a I Liga e os oito golos sofridos nas primeiras quatro jornadas, a bonança parece ter chegado em definitivo a Alvalade, com o Sporting a bater, ao final da tarde de sábado, o Portimonense por 4-0, somando a terceira vitória consecutiva no conjunto de todas as competições (depois dos 2-0 ao Estoril e dos 3-0 ao Eintracht Frankfurt) e o terceiro jogo seguido sem sofrer golos.

Mas há mais dados que mostram que o melhor leão parece mesmo estar a ressurgir, depois dos tais dois percalços (e meio, se juntarmos o empate em Braga a abrir), para a I Liga: na baliza, Adán parece ter-se reencontrado com o seu melhor, depois de algumas atuações em que não esteve ao seu melhor nível (talvez devido à lesão que sofreu e que se pensou ser mais grave) e no ataque os golos começam a surgir, com destaque para Francisco Trincão.

Criticado nos primeiros jogos de leão ao peito por não estar a mostrar a capacidade goleadora que se esperava (ainda para mais tendo chegado para substituir...Pablo Sarabia), o extremo vindo do Barcelona abriu o 'ketchup dos golos' com o tento que apontou a meio da semana em Frankfurt para a Liga dos Campeões e, volvidos apenas três dias, marcou mais dois na primeira parte do embate com o Portimonense. É este o Trincão que os sportinguistas queriam ver e é este o Trincão de que Rúben Amorim precisa.

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O jogo: Marcar cedo para não deixar fugir o fulgor

O Sporting vinha de uma vitória histórica e galvanizadora na Alemanha e precisava de não perder esse fulgor. Frente a um adversário a realizar um excelente arranque de temporada - o Portimonense somava 4 vitórias e apenas 1 derrota, frente ao FC Porto, nas primeiras 5 jornadas - e num sempre traiçoeiro jogo de 'ressaca europeia', Rúben Amorim tinha avisado que ia mexer no 'onze' e mexeu.

Na defesa, Luís Neto jogou de início (saindo lesionado no início da segunda parte), com Matheus Reis no banco e Nuno Santos (bela exibição) a fazer a ala esquerda, enquanto Esgaio substituiu Porro na ala direita. Pedro Gonçalves recuou para o meio-campo e brilhou, saindo Ugarte, enquanto Rochinha foi titular na frente e fez uma assistência.

Correram bem as mexidas a Amorim. O Sporting entrou com tudo - era importante que assim fosse, para manter o ímpeto trazido da Champions - e marcou cedo, por Trincão, num excelente pontapé de ressaca no seguimento de um canto, logo aos sete minutos. O Portimonense tentou reagir, mas Adán respondeu presente quando foi chamado e, depois de Pedro Gonçalves e Nuno Santos ameaçarem, Trincão fez o segundo à beira do intervalo, assistido por Rochinha, num contra-ataque rápido.

Os leões saiam para o intervalo a vencer por 2-0 e o Portimonense mostrava-se infrutífero quando conseguia sair para o ataque. Bastou o Sporting voltar a acelerar, a meio do segundo tempo, para resolver em definitivo o jogo, já depois de várias alterações em ambas as equipas. Um dos recém-entrados, Porro, que atravessa um excelente momento de forma, cruzou para a entrada de Pedro Gonçalves que, vindo de trás, cabeceou com êxito (ainda que beneficiando de um desvio da bola em Pedrão), mostrando que mesmo a jogar como médio não perde a capacidade que se lhe reconhece de fazer golos.

Para além de marcar, claro, o 'camisola 28' dos leões também sabe assistir e foi o que fez pouco depois de assinar o 3-0, servindo com um excelente gesto técnico Nuno Santos para o 4-0 final. Uma vitória tranquila do Sporting, com (muitos) sinais de retoma.

O momento: Trincão atira, bem cedo, a contar

Decorria o minuto sete quando o Sporting ganhou vantagem. Marcar cedo era fundamental e foi o que fez Trincão. Jogada de insistência da equipa leonina após canto, Neto tentou assistir Coates de cabeça na área, Pedrão cortou mas a bola sobrou para o remate certeiro e fulminante de Trincão, parecendo ainda sofrer um desvio num defesa do Portimonense antes de chegar ao fundo das redes. Estava feito o 1-0 e aberto o caminho ao triunfo dos leões.

O melhor: Sporting a crescer na defesa e no ataque

Os números não mentem: depois de ter sofrido oito golos (algo que não se via desde a década de 1950) nas quatro primeiras jornadas, o Sporting somou agora o terceiro jogo sem sofrer golos, dando sinais de estar a melhorar significativamente em termos defensivos e a ir de encontro ao que se estava a ver da turma leonina desde a chegada de Amorim.

Mas não é só a defender que se notam melhorias: também no ataque o entendimento parece cada vez melhor e a ideia dos três atacantes móveis parece estar, agora, a resultar, mesmo mexendo na constituição desse trio. Trincão marcou, então, pelo segundo jogo consecutivo (leva agora três golos e uma assistência esta época), Marcus Edwards não brilhou como em Frankfurt, mas voltou a estar bem (soma três golos e três assistências em 22/23), Rochinha respondeu à titularidade com uma assistência (a segunda da temporada). E Pedro Gonçalves, mesmo atuando mais recuado, fez um golo (o quarto da época) e uma assistência (a terceira)...

O pior: Portimonense desiludiu

Esperava-se mais do conjunto algarvio, que vinha de quatro vitórias consecutivas (não tendo sofrido golos em três delas) e que, apesar da derrota em Alvalade, até ainda se mantém à frente do Sporting na classificação. A formação de Paulo Sérgio só totalizou quatro remates (dois em cada parte) e poucas vezes chegou à grande área leonina, ficando-se pelos 39% de tempo de posse de bola

As reações

- Rúben Amorim: "Foi um jogo complicado, mas marcando cedo facilitou-nos o jogo"

- Paulo Sérgio: "Ficámos muito aquém do que eu esperava"

O resumo