O antigo presidente do Beira-Mar Mano Nunes admitiu hoje na sua página na rede social Facebook que foi constituído arguido no processo relacionado com a venda do terreno das piscinas do clube.

Segundo a Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro, o arguido, que já foi notificado para se apresentar às autoridades para eventual aplicação de medidas de coação, é suspeito da prática de um crime de burla qualificada.

A PJ suspeita que o ex-dirigente «ter-se-á apropriado ilicitamente de cerca de um milhão de euros», mediante «artifício fraudulento», na sequência da celebração do contrato de aquisição de compra e venda do terreno.

A transação, concretizada em julho de 2009, suscitou acesa polémica no meio político aveirense, pelo facto de a autarquia ter vendido o terreno por 1,2 milhões de euros ao Beira-Mar, que o revendeu pelo dobro, no mesmo dia, a uma empresa imobiliária.

O antigo dirigente do Beira-Mar escreveu na sua página do Facebook que já manifestou a sua total disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos à justiça.

«Estou de consciência tranquila, pois como todos os que me conhecem sabem, não beneficiei absolutamente nada com esse negócio, o qual só se realizou porque era indispensável para a sobrevivência imediata do Beira-Mar. Ainda hoje estou a pagar à banca, do meu bolso, uma dívida do clube desse tempo», escreve Mano Nunes.

O antigo dirigente termina dizendo que, a partir de agora, não poderá tecer mais comentários publicamente, mas não permitirá que ponham em causa o seu bom-nome por causa deste assunto.

No mês passado, durante a assembleia municipal, o presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia (PSD/CDS-PP), reafirmou que o negócio decorreu com «toda a legalidade» e não foi lesivo para o interesse público.

O autarca revelou ainda que o clube apenas liquidou 200 mil euros do negócio, já através do atual presidente, António Regala, adiantando que o município avançou com uma ação cível para reclamar o restante que começará a ser julgada em janeiro no Tribunal de Aveiro.