Os sócios do Sport Clube Beira-Mar chumbaram na quarta-feira à noite a constituição de uma Sociedade Desportiva por Quotas (SDQ) para a gestão do futebol sénior masculino.

A decisão foi tomada numa assembleia geral extraordinária das mais participadas dos últimos tempos e após uma experiência mal sucedida com uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), que entrou em insolvência em 2015, atirando a equipa sénior do clube aveirense para os distritais.

Segundo os dados apresentados pelo Beira-Mar, dos 144 associados presentes, 103 votaram a favor da proposta da direção liderada por Nuno Quintaneiro Martins, tendo-se registado 23 votos contra e 18 abstenções. Para ser aprovada, a proposta teria de ter pelo menos 108 votos, correspondendo a três quartos (75%) dos associados presentes, como está definido nos estatutos do clube.

Contactado pela Lusa, Nuno Quintaneiro Martins escusou-se a pronunciar-se sobre o resultado da Assembleia-Geral, remetendo uma posição para os próximos dias.

“A Direção irá reunir, refletir sobre o resultado da votação e tomar uma posição nos próximos dias, com o sentido de responsabilidade do qual não abdicamos”, afirmou.

A direção do Beira-Mar tinha estabelecido um pré-acordo com o gestor brasileiro Breno Dias da Silva para a constituição da sociedade desportiva para a gestão do futebol, um passo que Quintaneiro Martins considerava "fundamental para o desenvolvimento e a sustentabilidade do projeto do clube".

De acordo com a proposta que foi agora rejeitada, Breno Dias Silva comprometia-se a investir 10 milhões de euros no Beira-Mar no espaço de 10 anos, ficando responsável pela liquidação do montante do passivo do clube, até ao limite de 1,5 milhões de euros.

Caso fosse aprovada a sociedade desportiva teria um capital social de meio milhão de euros, dos quais 90% (450 mil euros) seriam investidos pelo gestor brasileiro, ficando os restantes 10% (50 mil euros) nas mãos do clube, que atualmente disputa o Campeonato de Portugal, quarto escalão do futebol nacional.

A proposta previa que a SDQ pudesse, numa fase posterior, ser convertida numa SAD, estando ainda prevista a futura entrada de outros investidores, mediante autorização do clube e com salvaguarda dos interesses históricos, identitários e sociais do clube.

A Sociedade passaria a assegurar a inscrição e a participação das equipas seniores A e B/sub-23 do clube nas competições oficiais de futebol a partir da época desportiva 2025-2026, ficando o clube responsável pela inscrição e participação das equipas dos escalões de formação (Academia de Futebol), até ao escalão de Sub-19.