O presidente demissionário do Belenenses, António Soares, anunciou hoje a intenção de se candidatar às eleições de 27 de julho, cerca de um mês depois de ter renunciado ao mandato que termina em 2014.
O líder da direção, eleito em 2011, tinha apresentado a demissão no mês passado, com o objetivo de antecipar eleições gerais e «dar alguma estabilidade, através de um mandato alargado», mas as intenções esbarraram na intransigência dos restantes órgãos sociais (Assembleia-Geral e Conselho Fiscal) em renunciarem.
«Se as eleições fossem para os três órgãos, o mandato seria até final do atual, por já ter passado mais de metade, e mais um mandato completo [até 2017], o que daria mais de quatro anos. Havendo apenas eleições para a direção, isso não é possível», começou por dizer António Soares, em declarações à agência Lusa.
Dessa forma, o dirigente lamentou a posição tomada pelos líderes da AG, Carlos Pereira Martins, e do CF, Sérgio Alves Ferrão, que «não salvaguarda os interesses do clube», numa altura em que o Belenenses começa a executar o projeto de requalificação do complexo do Restelo.
«Vamos ter um período prolongado de negociação com parceiros e vai ser interrompido em outubro do próximo ano, quando houver novas eleições. É um processo que se vai arrastar durante alguns anos e era importante que os interlocutores do lado do clube fossem sempre os mesmos, porque cria alguma confiança do outro lado», sustentou.
António Soares vai aproveitar a situação para reforçar a estrutura diretiva com mais quatro vice presidentes, aos quais serão entregues os pelouros das instalações, do andebol - que deixará de ser autónomo - da área comercial e de angariação de parceiros no âmbito do projeto de requalificação e outro de acompanhamento da requalificação, para questões de caráter mais técnico.
De resto, a nova etapa terá como principal ênfase o complexo desportivo, de forma a dar ao clube «uma sustentabilidade que não tem há muitos anos».
«Já instalámos o sintético no Maracanãzinho [campo secundário]. É o primeiro passo da requalificação, mas também é o mais simples. O pontapé de saída será dado com a construção da superfície comercial, que está mais adiantada. São questões que não dependem apenas da vontade do Belenenses, mas se em outubro de 2014 não tivermos o supermercado a funcionar, será um objetivo não atingido», referiu.
Por outro lado, os próximos meses serão igualmente importantes para solucionar o passivo do clube da Cruz de Cristo, que ronda os 12 milhões de euros, pelo que António Soares vai apresentar em AG uma proposta para adesão ao Processo Especial de Revitalização (PER).
«É um assunto que tem de ser resolvido durante este mandato, se os sócios assim o entenderem. Será a melhor solução para controlar este passivo. O passivo tem estado controlado, mas não conseguimos abatê-lo significativamente e isso traz problemas. Nesta altura temos credores com uma antiguidade entre os cinco e os oito anos, e que já não têm muita paciência para esperar mais tempo», realçou.
António Soares formaliza oficialmente a candidatura no início da próxima semana, com a entrega da documentação exigida na secretaria do clube, sendo que o prazo para apresentação de candidaturas termina no dia 26 junho, ainda que, até ao momento, não se vislumbre qualquer oposição ao atual líder dos "azuis".
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