O Bloco de Esquerda disse hoje acompanhar a ideia de os restos mortais de Eusébio, que morreu no domingo, serem depositados no Panteão Nacional, alertando para a necessidade de ser criada uma comissão parlamentar para se focar no assunto.

"Creio que será unânime esse reconhecimento", disse à agência Lusa o líder parlamentar bloquista Pedro Filipe Soares, comentando os méritos de Eusébio e o reconhecimento "à sua carreira e pessoa" que o país lhe pode reconhecer após a sua morte.

Pedro Filipe Soares recordou o processo que aconteceu aquando da morte de Amália Rodrigues, lembrando que será necessário avançar com uma comissão composta por representantes dos grupo parlamentares e que esta ficará encarregue de escolher a data e definir e executar o programa de trasladação e deposição dos restos mortais no Panteão Nacional.

Sobre esta questão, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, frisou hoje que a decisão cabe ao parlamento e, sublinhando falar em nome pessoal, acrescentou não excluir essa possibilidade.

O líder parlamentar do PS, Alberto Martins, requereu hoje a Assunção Esteves que o tema seja agendado para discussão em próxima conferência de líderes parlamentares.

A lei prevê que as "honras do Panteão destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade".

As honras podem consistir na deposição dos restos mortais no Panteão e na "afixação no Panteão Nacional da lápide alusiva" alusiva à vida e obra dos cidadãos distinguidos. A lei prevê ainda que as honras de Panteão Nacional não poderão ser concedidas "antes do decurso do prazo de um ano sobre a morte dos cidadãos distinguidos".

O escritor Aquilino Ribeiro, falecido em maio de 1963, foi a última personalidade que deu entrada no Panteão Nacional, para o qual foi trasladado em setembro de 2007. A decisão foi tomada em março de 2007, tendo o parlamento reconhecido o valor da sua obra literária.

A fadista Amália Rodrigues, falecida em outubro de 1999, foi a primeira mulher a ter honras de Panteão Nacional, tendo a trasladação ocorrido em julho de 2001.

No Panteão Nacional, que ocupa a antiga igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, encontram-se os restos mortais dos ex-Presidentes da República Manuel Arriaga, trasladado em 2004, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona, dos escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro, e do general Humberto Delgado, opositor do Estado Novo.

O antigo jogador de futebol  Eusébio da Silva Ferreira morreu no domingo, aos 71 anos. O seu corpo vai hoje a enterrar no cemitério do Lumiar, em Lisboa. Nascido a 25 de janeiro de 1942 em Moçambique, na então cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, Eusébio destacou-se ao serviço do Benfica e da seleção portuguesa de futebol, nos anos 60 e 70, ficando conhecido como "pantera negra".

Foi distinguido como melhor jogador de futebol  europeu com a Bola de Ouro em 1965 e conquistou duas Botas de Ouro por ter sido o melhor marcador europeu das épocas 1967/68 e 1972/73.

No mundial de futebol de Inglaterra de 1966, em que Portugal ficou em terceiro lugar, Eusébio foi considerado o melhor jogador e foi o melhor marcador, com nove golos.