“Hoje não está entre nós, mas é, de certeza, um dia muito feliz para ele, porque estão aqui, na terra onde nasceu, reunidos todos os nossos amigos”, afirmou a viúva do antigo guarda-redes dos “encarnados”.

Gertrudes Bento recordou os “olhos muito bonitos e o sorriso radiante” de Bento, “ainda sem bigode”, que a apaixonaram de imediato, depois de o conhecer “no futebol”, enquanto via os jogos do Barreirense com o pai.

O 45.º aniversário do clube foi o mote para cumprir uma promessa feita ainda em vida a Bento, o de baptizar o antigo estádio Municipal das Ademas, com relvado sintético e pista de atletismo desde Setembro de 2009, com o nome do “filho pródigo” da Golegã, que morreu a 01 de março de 2007, com 58 anos.

Rogério Bento, um dos dois filhos do ex-guarda-redes do Benfica e da selecção portuguesa, ainda defendeu a baliza das velhas guardas do Goleganense, no encontro inaugural frente às “glórias” do Benfica, que incluíam, entre outros, Pereirinha e Chiquinho Carlos.

“Hoje, realizou-se um sonho que data de 2006”, frisou Rogério Bento, destacando a “humildade” do pai, reconhecendo-o como “uma pessoa cinco estrelas”.

Já o irmão de Rogério, Miguel Bento, apesar do gosto pela modalidade, justificou a falta de aposta na prática com a pressão: “Não segui as pisadas do meu pai, muito por causa do medo de ter o nome Bento nas costas”.

“O meu pai foi muito maior como homem do que como desportista, acho que a placa que o evoca tem muita expressão, tem a imagem do meu pai, com um rosto agressivo e o espírito do trabalho”, admitiu Miguel Bento, aludindo à peça escultórica hoje inaugurada pelo presidente da Câmara Municipal da Golegã, José Veiga Maltez, pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e pela família do antigo guarda-redes.

O autor da obra, o escultor goleganense Rui Fernandes, explicou à Lusa que quis “mostrar as fases do trabalho de Bento”, integrando-o em “três círculos sobrepostos”, ligados por uma linha vermelha.

O antigo capitão dos “encarnados” António Veloso, o único representante dos finalistas da Taça UEFA de 1983 presentes, destacou “o coração muito grande” de Bento, elogiando-o como “um dos grandes do futebol português e um símbolo do Benfica”.

O “magriço” José Augusto puxou a si a responsabilidade da transferência do Barreirense para a Luz, afiançando que terá sido “o melhor guarda-redes que o Benfica teve nos seus 100 anos de história”.

Além de “patrono” do estádio, Bento foi reconhecido como o único sócio de mérito do Goleganense, sendo-lhe ainda atribuída a título póstumo a medalha de ouro do clube, que vai distinguir também os seus fundadores.

Antes de morrer, o antigo guarda-redes apadrinhou o regresso do Goleganense à competição sénior em 2006/07, depois de 11 anos de inactividade.
Bento somou 63 internacionalizações “AA”, tendo representado a selecção portuguesa no Europeu de 1984, quando conquistou o terceiro lugar, e no Mundial de 1986, no México, onde realizou apenas o primeiro jogo, antes de fracturar uma perna num treino.

Considerado um dos melhores guarda-redes de sempre do futebol português, o goleganense notabilizou-se ao serviço do Benfica, defendendo a baliza “encarnada” entre 1972 e 1992, conquistando oito títulos de campeão nacional, seis Taças de Portugal e três Supertaças, tendo ainda sido finalista da Taça UEFA em 1983.