Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a SAD do Benfica revelou a resposta enviada a Luís Filipe Vieira sobre o direito de preferência das ações detidas pelo ex-presidente do clube.

Na missiva enviada, os encarnados consideram que "não foram comunicadas informações essenciais e necessárias sobre os termos e condições contratuais relevantes, designadamente, a identidade do potencial comprador, o(s) prazo(s) e condições de pagamento do preço e eventuais condições adicionais que se mostrem relevantes no contexto do negócio".

As águias consideram ainda a resposta, cujo prazo limite está fixado no próximo dia 15 de setembro, deveria ser dada apenas após as eleições do próximo dia 9 de outubro, de forma a ser analisada pela direção que sair eleita dessa ato eleitoral.

"Aproveitamos também para lembrar que, estando em preparação um ato eleitoral, agendado para o dia 9 de
outubro, na sequência da demissão dos membros da Direção em funções, qualquer eventual comunicação para exercício de direito de preferência deveria, em atenção aos superiores interesses do Sport Lisboa e Benfica, ser comunicada de forma a poder ser analisada pela nova Direção, em tempo adequado após início das suas funções", concluem.

O antigo presidente comunicou no último dia 7 à CMVM a proposta de venda das 753.615 ações de que é proprietário, a 7,80 euros por título, representativas de 3,28% do capital social da Benfica SAD, o que equivale a um encaixe de 5.878.197 euros.

“A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD (“Benfica SAD”) informa […] que tomou conhecimento pelo Sport Lisboa e Benfica de que esta entidade recebeu do Senhor Luís Filipe Ferreira Vieira uma comunicação para exercer direito de preferência relativamente à possível transmissão das 753.615 ações representativas de 3,28% do capital social da Benfica SAD de que este é titular”, pode ler-se na nota da CMVM.

Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos no início de julho numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco, e está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.

O ex-presidente começou por suspender as suas funções no Benfica, mas, em 15 de julho, acabou por apresentar a sua demissão, sendo substituído pelo ex-futebolista Rui Costa, até então vice-presidente do clube e ex-administrador da SAD.

No mesmo mês de julho, e relativamente à “possível aquisição de uma participação qualificada de 25% no capital social da Benfica SAD”, pelo norte-americano John Textor, até 15 de setembro, a SAD ‘encarnada’ informou que José António dos Santos e as suas empresas detém um total de 23,1061% das ações, salvaguardando o direito de preferência sobre as ações de Vieira.

“Adicionalmente, esclarece-se que, através de uma carta com data de 11 de setembro de 2020, o Sr. Luís Filipe Vieira, titular ações representativas de 3,28% do capital social da Benfica SAD cujos inerentes direitos de voto são imputáveis ao Sport Lisboa e Benfica, concedeu ao Sport Lisboa e Benfica um direito de preferência na aquisição daquelas ações caso decida transmiti-las a terceiro”, referiu, então, a SAD.

A maioria do capital da SAD do Benfica (63,65%) está na posse do clube (40%) e da Benfica SGPS (23,65%).

*Artigo atualizado às 20h47