O guarda-redes Simão Bertelli confessou valorizar a presença do “ídolo” Ochoa no plantel do AVS, assegurando que trabalha no limite para dificultar a escolha do técnico Daniel Ramos para a baliza do emblema da I Liga de futebol.

“Preparei-me para ser titular e comecei bem a época, mas a chegada do Ochoa também foi positiva, porque me trouxe experiência e calma. Ele é um ídolo e aprendo muito no dia a dia, mesmo a observá-lo. Conhecemos atalhos, melhoramos o posicionamento – e nisso ele é excelente”, disse Bertelli aos jornalistas, no regresso do AVS aos treinos.

O brasileiro, de 31 anos, retomou a titularidade na derrota frente ao Sporting de Braga, por 1-0, na 12.ª jornada, e assumiu que, tanto ele como Pedro Trigueira, titular na época passada, têm vindo “a treinar forte” para darem luta ao internacional mexicano.

“Quando comecei a jogar, inspirava-me nele (Ochoa), e, até hoje vejo vídeos das suas defesas, para me motivar. O mais importante é que há respeito entre nós. Só joga um, mas quem jogar representa os outros dois”, sublinhou, confessando-se “preparado e confiante para corresponder”.

Apesar da derrota no domingo, Bertelli foi um dos melhores em campo, defendendo inclusive uma grande penalidade, que explicou com “uma questão de intuição”, e, em “reação rápida”, a respetiva recarga, numa exibição que o próprio reconheceu ter sido a mais conseguida em Portugal.

“Já tive outros jogos marcantes, principalmente no Brasil, na Série B ou numa final da Série C, mas este foi especial e talvez tenha sido mesmo o meu melhor em Portugal. Preferia nem ter tocado na bola e termos vencido o jogo, mas, a nível individual, foi bom para retomar a confiança e mostrar o meu trabalho. Treinamos muito, para, quando a oportunidade aparece, conseguirmos desempenhar bem”, referiu.

O AVS não vence para o campeonato desde 14 de setembro, quando bateu o Rio Ave, por 1-0, na quinta jornada, e Bertelli olha para o jogo recente com o Sporting de Braga como uma lição.

“Defensivamente, demos pouco espaço, mas na segunda parte recuámos demasiado. Não era necessário estar tão dentro da área. O mais importante agora é perceber o que o treinador quer e trabalhar como grupo, tal como já somos fora de campo. Precisamos de uma vitória para recuperar a alegria e a confiança de arriscar mais em campo”, analisou.

Bertelli cumpre a sua segunda passagem por Portugal depois de uma curta experiência no Paços de Ferreira, em 2019/20, mas não perde pitada do futebol praticado no seu país.

O brasileiro de Rio Grande do Sul, adepto do Grêmio por influência familiar e com “um carinho especial” pelo Operário, clube da Série B que representou durante seis anos e onde conquistou quatro títulos (foi, inclusive, bicampeão brasileiro), confessou-se rendido aos treinadores lusos, atento ao recente título na Libertadores conquistado pelo Botafogo treinado por Artur Jorge, que poderá juntar ainda o Brasileirão.

“O futebol brasileiro está a crescer muito, tanto na Série A como na B, e os treinadores portugueses têm tido muito sucesso lá porque trazem algo que faz a diferença: os detalhes e o profissionalismo. Eles não ensinam os brasileiros a jogar futebol, mas acrescentam pormenores, como a organização tática e o trabalho minucioso nos treinos”, concluiu.