O antigo diretor de operações, Vasco Santos, do Sporting contou hoje que Bruno de Carvalho disse “façam o que quiserem” na reunião “tensa” na sede da Juventude Leonina, em 07 de abril, na qual o ex-presidente pediu “desculpa” aos adeptos.

Vasco Santos foi ouvido na manhã de hoje na 14ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

A testemunha relatou que a reunião de 07 de abril de 2018 foi marcada pelo então presidente Bruno de Carvalho, na qual estiveram presentes André Geraldes e Bruno Jacinto, à data, diretor desportivo e oficial de ligação aos adeptos, respetivamente.

A reunião, na qual marcaram também presença o presidente da Juventude Leonina (JL), Nuno Viera Mendes (Mustafá) e mais cerca de 40 elementos ligados à claque, decorreu dois dias após a derrota com o Atlético de Madrid, e o ‘post’ publicado na rede social Facebook pelo antigo presidente do clube, a criticar os jogadores.

Esse encontro na sede da JL, conhecida como ‘casinha’, segundo Vasco Santos, responsável pela segurança dos jogos no Estádio José de Alvalade, tinha como objetivo “apaziguar os ânimos exaltados daquele grupo organizado de adeptos e pedir desculpa” aos adeptos.

“Nessa reunião, o líder da Juventude Leonina deu a palavra aos elementos que pretendiam falar, que interpelaram diretamente o presidente e demonstraram o descontentamento pelos 'posts' constantes no Facebook, pela forma e pelas palavras que o presidente tinha dirigido aos jogadores. O presidente pediu várias vezes desculpa”, explicou o antigo funcionário do clube.

Os adeptos demonstraram igualmente descontentamento, face ao desempenho da equipa.

“Por um lado, os adeptos não concordavam com a forma como o presidente se dirigia aos jogadores, mas, por outro lado, também não estavam satisfeitos pelo desempenho da equipa. Sugeriram fazer mais cânticos, mais tarjas, frases, coreografias específicas para puxar pelos jogadores, deslocarem-se a Alcochete para falarem com os jogadores e tentarem incentivar. Foram várias as ideias em cima da mesa, com muita gente a dar palpites. O Bruno de Carvalho disse: ‘organizem-se, façam o que quiserem e depois informem-me’”, descreveu Vasco Santos.

Questionado sobre o contexto em que o então presidente proferiu essa afirmação, a testemunha explicou que eram “várias as propostas e ideias”, acrescentando que Bruno de Carvalho, nesse momento, “não estava nas melhores condições, pois tinha a mulher hospitalizada, e já no fim disse: ‘façam o que quiserem’”.

“Estava farto de estar ali e queria ir embora. Depreendi dali [dessa afirmação] que estava cansado, saturado e queria ir embora dali”, referiu a testemunha, salientando que, em nenhum momento, se falou em agressões ou ameaças a jogadores.

“Os ânimos estavam exaltados por parte dos adeptos, a reunião foi tensa, criticaram frontalmente e de uma forma bastante assertiva o comportamento do presidente nas redes sociais, mas também criticaram o desempenho da equipa”, reiterou Vasco Santos.

A eventual ida à academia de Alcochete seria, no seu entendimento, para falar com os jogadores, “provavelmente para jogarem mais e tentarem incentivá-los a ter um melhor desempenho nos jogos”.

O antigo diretor de operações do Sporting revelou, contudo, que “os dias foram passando” e que não lhe chegou “nenhum agendamento de ida a academia”, pensando “que a ideia tinha sido abandonada”.

Sobre o então presidente do clube, a testemunha disse que este tipo de reuniões com adeptos era normal, face à maneira de ser de Bruno de Carvalho.

“Esteve sempre ligado aos adeptos. O presidente tinha uma postura de aproximação, de diálogo aos adeptos. Abordava-os e deixava-se ser abordado diretamente por eles. Reuniões destas houve várias. Algumas marquei presença. Perante a postura deste presidente, não era anormal estas reuniões”, indicou Vasco Santos.

O antigo diretor de segurança e operações do Sporting considera que a invasão à academia se deveu, por um lado, a uma “ausência de comunicação”, acrescentando que não tinham “nenhum alerta” por parte da PSP da ida de adeptos a Alcochete, e, por outro, ao facto de o clube não ter implementado um conjunto de medidas para reforçar a segurança da academia, sugeridas um ano antes.

O julgamento, que vai na quinta semana de audiências, prossegue na tarde de hoje com as inquirições dos futebolistas Marcus Acuña e Rodrigo Battaglia.

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