O chefe da PSP Bruno Branco, ex-amigo de Fernando Madureira e apoiante de André Villas-Boas à presidência do FC Porto, garantiu hoje que os desacatos da Assembleia Geral do FC Porto de novembro de 2023 foram premeditados.

A terminar a 13.ª sessão do julgamento, no Tribunal de São João Novo, no Porto, a última testemunha de acusação do Ministério Público acusou o ex-líder da claque Super Dragões de impor um "clima de medo" na reunião magna.

"Por mensagens, no dia anterior, disse ao Fernando [Madureira] que só ia fazer com que a Assembleia Geral fosse impugnada. Disse-me que não havia hipótese, que ia partir aquilo ao meio, haveria ‘porrada’ e a proposta teria de passar", revelou.

Segundo o depoente, que ficou notabilizado por afastar um adepto que enfrentava Villas-Boas quando este prestava declarações à comunicação social na Assembleia Geral (AG), a aprovação da alteração estatutária em votação seria favorável à candidatura do então presidente portista, Jorge Nuno Pinto da Costa.

"Houve 50 reuniões de alterações de estatutos, aquilo aconteceu pura e simplesmente porque a administração queria. [...] Refiro-me a ser preciso um ano para poder votar depois de completar 18 anos, ao alargamento do período eleitoral para o final de junho, ao financiamento das casas do clube... Mas havia muitas mais alterações", enumerou.

Vítor Catão terá sido o "primeiro grande incendiário" da reunião magna ao coagir a equipa de reportagem da SIC a não entrar no Estádio do Dragão.

"O telemóvel dele tocou e era Lourenço Pinto, então presidente da Mesa da Assembleia Geral. Ele colocou o telefone em alta voz e começou a berrar, a dizer que nós [apoiantes de Villas-Boas] não podíamos estar ali", relatou.

Bruno Branco revelou ter aconselhado Villas-Boas a não entrar na AG, quando esta foi deslocada do auditório do Estádio do Dragão para o Pavilhão Dragão Arena, por considerar que a presença do atual líder dos 'dragões' poria em causa a sua "integridade", provocando um cenário ainda mais crispado.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.