
A World Boxing vai tornar obrigatórios os “testes de género” para a participação nas suas competições, anunciou hoje a federação internacional, indicando que a campeã olímpica Imane Khelif fica excluída da categoria feminina até realizá-los.
“A World Boxing vai introduzir testes de género obrigatórios, para determinar a elegibilidade de atletas masculinos e femininos que queiram participar nas suas competições. A introdução dos testes obrigatórios incluem-se numa nova política […] para garantir a segurança de todos os participantes e assegurar condições competitivas igualitárias para homens e mulheres”, informa, em comunicado.
A nova federação internacional, reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional em fevereiro, indica que “escreveu à federação argelina de boxe para informar que Imane Khelif não será autorizada a participar na categoria feminina da Taça de Eindhoven ou em qualquer evento da World Boxing enquanto não for submetida a um teste de género”.
A lutadora argelina sagrou-se campeã olímpica da categoria -66 kg em Paris2024, vencendo na final a chinesa Yang Liu, após ter estado no centro de uma polémica em torno do seu género.
Durante os Jogos Olímpicos, Khelif foi alvo de campanhas de desinformação, críticas e aquilo que denominou de ‘bullying’, depois de a Associação Internacional de Boxe, afastada do movimento olímpico, ter revelado ter testes, nunca divulgados, que comprovam que é um homem.
A argelina, que venceu todos os ‘rounds’ disputados em Paris2024, tornou-se uma das protagonistas dos Jogos após eliminar a italiana Angela Carini, que abandonou, em lágrimas, o combate.
O Comité Olímpico Internacional (COI) defendeu a argelina, tentando encerrar a discussão sobre uma atleta que nasceu mulher e viveu a vida toda como mulher, inclusivamente competindo em Tóquio2020.
Hoje, contudo, a World Boxing ‘recuperou’ a polémica, alegando que a sua decisão de introduzir testes de género reflete a preocupação com a segurança e o bem-estar de todos os lutadores, “incluindo Imane Khelif”, e visa proteger “a saúde mental e física de todos os participantes”, na sequência de reações relativamente à participação da argelina na competição em Eindhoven.
A federação internacional esclarece ainda que todos os atletas maiores de 18 anos que queiram participar nas suas competições têm de ser submetidos “a um teste genético para determinar o seu género à nascença e a sua elegibilidade para competir”.
“A World Boxing respeita a dignidade de todos os indivíduos e a sua prioridade é garantir a segurança e a equidade competitiva para todos os atletas. Para isso, é essencial que categorias estritas, determinadas pelo género, sejam preservadas e reforçadas, o que significa que a federação só realizará competições para atletas categorizados como homens ou mulheres”, acrescenta.
No seguimento da nova política, as federações de cada país são responsáveis pela testagem dos seus atletas e, se não apresentarem um certificado do seu “género cromossómico” ou falsificarem o mesmo, os lutadores serão inelegíveis para competir e podem enfrentar sanções, assim como os organismos nacionais.
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