Bruno de Carvalho relatou o momento em que soube do ataque à Academia de Alcochete, explicando que Jorge Jesus disse que não era necessária a presença do presidente.

"Eu e o André estávamos em reuniões e entra uma pessoa pela sala a dentro diz que entraram uns encapuzados na Academia. Com tudo o que estava a acontecer pensei que era uma palhaçada. Nos primeiros 10 segundos, porque depois percebi que não era palhaçada nenhuma. Eu não tinha a noção o que tinha acontecido e pedi para ligarem ao [Jorge] Jesus para saberem se ainda lá estavam, que eu queria ir lá. Ele disse que não era preciso ir e eu disse que não queria saber, porque queria ir lá. Lá fui., explicou o presidente aos sócios na sessão de esclarecimento em Santa Maria da Feira.

O líder da SAD leonina contou ainda aos associados em Santa Maria da Feira que os jogadores nada lhe disseram sobre o que tinha acontecido no domingo, na Madeira, entre eles e alguns elementos da claque Juve Leo.

"Uma das coisas que acho estranho, é depois do vídeo que saiu, em que é claro que foi feito um aviso de que iam lá [à Academia] na terça-feira... Há um vídeo da CMTV, com legendas, onde se vê eles a dizerem: 'vais-me dizer isso na terça-feira'. Não percebo como é que na reunião de segunda-feira, ninguém me disse nada, ninguém me relatou ameaças... Se calhar não tiveram a noção da proporção da coisa", relatou o presidente do Sporting.

Questionado sobre o BMW azul que entrou e saiu da Academia de Alcochete nessa tarde, com alguns dos presumíveis encapuzados, Bruno de Carvalho explicou que só a polícia pode ter dado autorização para que o carro deixasse as instalações.

"Os carros da polícia eram quase todos não identificados. A certa altura o segurança abriu a cancela. A polícia tomou conta daquilo, entravam e saíam. Quem o deixou sair de lá foi a polícia. Isso é a única certeza que posso dizer. A mim não me deixaram sair de lá. Quando o senhor militar vem dizer que os jogadores iam sair da Academia para a esquadra do Montijo e não estava lá o presidente, tem de dizer a verdade: a polícia não deixava ninguém sair. A polícia levava grupos de 10 e não deixava ninguém sair. Do que sei, o carro estava fora da Academia e é deixado entrar para vir buscar pessoas e deixado sair pela polícia".

Sobre os incidentes relatados por Rui Patrício no estacionamento do Estádio de Alvalade reservado aos jogadores, Bruno de Carvalho disse que aquele parque não é do clube.

"O estacionamento foi vendido na altura do Godinho Lopes. Na nossa parte nunca aconteceu nada, mas o estacionamento não é nosso. Dentro da zona limite nunca aconteceu nada. Pelo que me disseram, as pessoas da segurança não são de facilitismos, não foi nada de especial. Quatro ou cinco adeptos... Se têm causa de rescisão, eu tinha causas de rescisão para os próximos 200 anos. Não sei de nada, a não ser o que vi na televisão na Madeira a seguir ao jogo, meia dúzia de pessoas ao pé da camioneta, e depois no aeroporto, que não se percebia muito bem e só há dois ou três dias é que saiu o vídeo completo. Não sei de nada no estacionamento, para mim é uma novidade", concluiu.