Bruno de Carvalho e Nuno Mendes, conhecido por Mustafá, saíram hoje em liberdade, sujeitos a apresentações diárias às autoridades, no âmbito da investigação ao ataque à academia de Alcochete.

Em comunicado divulgado pelo Juízo de Instrução Criminal do Barreiro, foi determinado, além das apresentações diárias aos órgãos de polícia criminal, o pagamento por cada um dos arguidos de uma caução de 70.000 euros.

À chegada a casa, o ex-presidente do Sporting falou aos jornalistas, dizendo que sai desta situação um homem "muito diferente".

"Este foi definitivamente o pior momento da minha vida, o pior que já alguma vez vivi. Estes dias foram terríveis. Quero agradecer a todos os agentes que lideram comigo na GNR, foram 100 por cento profissionais. Num país onde só se ouve falar mal, é importante recordar as coisas boas. Estes cinco dias foram marcantes, dão-nos outra perspetiva sobre uma série de coisas que vou avaliar enquanto ser humano que se viu privado da sua liberdade", afirmou Bruno de Carvalho.

"Agora vou assentar, vou aproveitar para descansar ao pé da minha família e posso garantir que sou uma pessoa diferente. Só quem passa por esta situação é que percebe quão diferente é um ser humano quando é privado de um banho, de ir à casa de banho... É um Bruno muito diferente que sai daqui, não sei se melhor ou pior, mas quer a nível pessoal, quer a nível profissional, é completamente diferente", disse.

O ex-presidente do Sporting saiu em liberdade ao final da manhã do Tribunal do Barreiro, depois de ter sido interrogado na quarta-feira, com o juiz Carlos Delca a impor como medida de coação apresentações diárias aos órgãos de polícia criminal, além do pagamento de uma caução no valor de 70.000 euros.

Bruno de Carvalho está indiciado no processo de ataque à academia por 57 crimes: um de terrorismo, 20 de sequestro, 20 de ameaça agravada, dois de detenção de arma proibida, 12 de ofensa à integridade física qualificada e dois de dano com violência.

Em 15 de maio, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, membros da equipa técnica e outros funcionários.

A GNR deteve no próprio dia 23 pessoas e efetuou, posteriormente, mais detenções, que elevaram para 40 o número de arguidos.

O ataque motivou o pedido de rescisão unilateral de contrato de nove futebolistas, alegando justa causa, alguns dos quais recuaram na decisão e continuam a representar os ‘leões’, e lançou o clube lisboeta em uma das maiores crises institucionais da sua história.

Bruno de Carvalho, que à data dos acontecimentos liderava o Sporting, foi destituído em Assembleia Geral em 23 de junho e impedido de concorrer às eleições do clube de Alvalade, das quais Frederico Varandas saiu como novo presidente.