Bruno de Carvalho confirmou que Rafael Leão pediu a rescisão do contrato com o Sporting, aumentando para nove o número total de jogadores que já enviraram as respetivas cartas de rescisão.

"Ontem tentei falar com o pai de Rafael Leão, mas já percebi que outros valores falaram mais alto. Espero que os sportinguistas percebam. Tentei alertar o pai, o Rafael ainda voltou a meter Sporting na página, mas os valores ou o tremor ainda foram maiores hoje. O Leão está esquecido do depoimento", referiu Bruno de Carvalho na conferência de imprensa.

"Rafael Leão está esquecido daquilo que foi o depoimento dele, que diz que alguns passaram por mim e até disseram 'eh pá, estás bom'. Há três dias fez anos e ele até disse 'obrigado presidente, boss'. Mas isso não interessa, interessa é que já foram nove", acrescentou.

"Há nove jogadores que vão perder os processos com o Sporting. Não tenho dúvida nenhuma, temos os melhores advogados do Mundo (...) Isto mudou o paradigma do futebol. Tenho a certeza que a FIFA vai atuar porque não vejo clube nenhum que tenha vontade de comprar jogadores. Portanto, se aquilo que está ali fosse motivo de justa causa, que não é, o futebol mudou. Se alguém contratar 3 ou 4 indivíduos para bater no Neymar, ele vai embora, o PSG perde 200 milhões e ainda tem de pagar o salário até ao fim", referiu ainda o líder dos 'leões'.

"É uma tristeza porque está a ser incutido aos sportinguistas uma angústia que não é justa e tudo tem um fundo: chama-se dinheiro e controlo da SAD (...) Para os jogadores fazerem isto, altos valores se devem estar a levantar. Ainda ninguém assinou por clube nenhum. Não chegou uma única carta ao Sporting a dizer 'se você sair, eu volto'. É só verem as mensagens que tenho publicado. E tantas há e com tantos jogadores que rescindiram. Mas ficará para os processos", disse.

A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com a GNR a deter 27 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.

Entre estes detidos, que ficaram em prisão preventiva, estão Fernando Mendes, ex-líder de claque Juventude Leonina, e o condutor do BMW azul que no dia das agressões entrou nas instalações da Academia do Sporting em Alcochete e retirou alguns dos alegados agressores.

Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, enquanto o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal. Bruno de Carvalho anunciado inclusivamente que avançou com processos crime contra ambos os jogadores.

No âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o 'team manager' do clube, André Geraldes.

Na sequência destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho – sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida liminarmente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.

O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.

Esta quinta-feira, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou ilegal a comissão transitória da Mesa da Assembleia Geral (MAG) nomeada pela direção do Sporting, bem como as reuniões magnas marcadas para 17 de junho e 21 de julho.

Na apreciação de uma providência cautelar interposta pelo presidente eleito da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, Jaime Marta Soares, e a cuja decisão a Lusa teve acesso, o tribunal considerou inexistente a comissão transitória por violar os estatutos do clube, conforme tem sido defendido por Marta Soares.

O tribunal ordenou ainda às forças policiais que tomem diligências no sentido de impedirem a realização das assembleias, usando as medidas coercivas que entenderem necessárias.