O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, voltou esta terça-feira a defender que os fundos de investimento "não têm qualquer interesse para os clubes", e garantiu que nunca conseguiu negociar com nenhum.

"Recebi 20 pessoas da área dos fundos e nenhuma delas me deu a possibilidade de negociar. Para eles é tudo seguro e eu é que corro os riscos", afirmou Bruno de Carvalho, durante o congresso internacional "The Future of Football", organizado pelo Sporting.

Bruno de Carvalho alertou para o facto de "os clubes ricos ficarem cada vez mais ricos" e acrescentou: "têm que nos convencer que os investidores terceiros são bons. Os meus pais sempre me ensinaram a não gastar mais do que tenho".

O presidente do Sporting falava no final do primeiro painel de discussão, subordinado ao tema Desafios e Oportunidades na Indústria do Futebol, que juntou vários oradores, entre os quais Bobby Barnes, presidente da FIFPro Europa.

Lembrando que a FIFPro representa mais de 60.000 jogadores de 58 países, Bobby Barnes afirmou ser "contra a detenção de passes por parte de terceiros" e disse aguardar um anúncio da FIFA e da UEFA sobre o assunto.

O congresso, que termina na quarta-feira, servirá, segundo Bruno de Carvalho, "para debater a indústria do futebol fora dos relvados" e trazer "ideias inovadoras" sobre o futuro da modalidade.

Além dos desafios da indústria do futebol, no congresso, que decorre no auditório do Estádio José Alvalade, em Lisboa, vão ser debatidos temas como as novas tecnologias, o futebol de formação e estratégias e políticas comerciais.

Bruno de Carvalho tem sido muito crítico em relação aos fundos, sobretudo desde a transferência do defesa-central argentino Marcos Rojo para os ingleses do Manchester United. O presidente "leonino" acusou na altura a empresa Doyen Sports, detentora de 75 por cento dos direitos económicos do jogador, de ter feito pressões para o Sporting negociar a venda do argentino ao Manchester.

O caso, que ainda decorre na justiça desportiva, terminou com a venda de Rojo aos ingleses, que negociaram diretamente com o Sporting. O clube português recebeu 20 milhões de euros e entregou à Doyen três milhões, o valor pago por aquela empresa aquando da aquisição de Rojo aos russos do Spartak de Moscovo.