Bruno de Carvalho falou esta terça-feira em entrevista à SportTV+ sobre os ataques de maio à Academia de Alcochete e questionou a razão pela qual os jogadores do Sporting não saíram do balneário antes da chegada dos atacantes, reiterando que havia tempo para os atletas escaparem por outra porta.

O ex-dirigente do clube de Alvalade explicou ainda que alguém tinha desativado a necessidade de entrar naquela zona através de um cartão magnético.

"Há uma coisa que não consigo perceber. A entrada para os balneários dá-se por duas portas de ferro diretamente e uma de vidro que, por ordem minha desde que entrei, tinha um cartão magnético para abrir. E depois passar uma segunda porta que também tinha um cartão para abrir. É dito que sete ou oito minutos antes, alguém da Academia é avisado e chama a polícia. Pelas imagens, eles não iam a correr, iam naquele traulitar militar – é engraçado, que temos um militar candidato. Entram, vão até ao fundo aos relvados, veem Jorge Jesus e dizem ‘não é nada consigo, onde são os balneários?’. Voltam para trás, dão chutos na primeira e segunda portas e não conseguem, chegam à porta de vidro, forçam com a mão e chegam ao balneário. Descobri que apesar de estar fechada, alguém no início da época mandou tirar a medida de segurança do cartão das portas. Uma estava fechada e foi com a mão, e a outra estava aberta", atirou, antes de continuar.

"O que pergunto é: se foram avisados sete minutos antes, se eles ainda tiveram de entrar, percorrer um longo caminho a pé, foram ao relvado, depois zona de balneários, deram pontapés nas portas e ainda arrombaram com os dedos a terceira, se há uma porta que dá acesso ao corredor interno para a zona da formação e uma porta ali para a rua, por que é que os jogadores não foram todos embora? Enquanto a polícia chegava, os jogadores já lá estavam fora. Têm de perguntar aos responsáveis, à polícia. Mas o que eu digo é: fui eu?".

Bruno de Carvalho disse ser estranho o facto das portas não estarem a funcionar com o cartão magnético

"Quem deu ordem de tirar nestas duas portas o controlo de cartão no início da época? Alguém deu. De certeza que isso está tudo no processo com a polícia. Tudo isto é de uma estranheza total e se alguém tinha alguma coisa a perder era o presidente. Isto não faz sentido nenhum. Eu acho que a polícia já sabe que houve um executante, um mandante e um pagante. Nunca me entregaria a nenhum grupo do Sporting. No dia em que se pede um favor desses, as pessoas passam a ter poder sobre nós. Eu se quiser dar um apertão a 24 jogadores, eu chego sozinho. Não preciso de fivelas, não bato em ninguém e dou os apertões todos", terminou.