O acordo celebrado com um fundo de investimento para libertar o Boavista de penhoras e bloqueios acumulados nas últimas duas décadas sustenta a candidatura apresentada hoje por Filipe Miranda à presidência do clube da I Liga de futebol.

“Tem de fazer muita diferença [nas eleições]. Se já temos parceiros e patrocinadores firmados, porque é que não nos iríamos arriscar, mantendo os pés assentes na terra?”, observou o gestor, em declarações aos jornalistas no final da sessão, no Estádio do Bessa, no Porto.

Sem especificar valores, a lista encabeçada pelo antigo guarda-redes e capitão e atual diretor desportivo do futsal ‘axadrezado’, de 46 anos, acredita que o desafogo financeiro viabilizado pelo fundo de investimento permitirá ao Boavista “gerir o seu dinheiro e as suas receitas”.

“Os parceiros que estão fechados dão-nos total garantia para aquilo que expusemos. Não íamos estar a apresentar um projeto só para ficar bonito. É lógico que, neste momento, temos de nos preocupar com o clube. A SAD será mais para a frente”, apontou.

A criação de um relvado sintético para as camadas jovens e, posteriormente, a construção de um pavilhão para as modalidades amadoras, ambos no complexo do Bessa, também integram os planos de Filipe Miranda, que visa revitalizar o futebol feminino e o ecletismo ‘axadrezado’.

Sob o lema “Boavista, num xadrez de novas conquistas", a candidatura quer "cortar com o passado" e propõe para a liderança da Assembleia Geral Álvaro Braga Júnior, antigo presidente da direção do clube (2008-2012) e da administração da SAD (2008-2020), que tinha deixado em maio a chefia do órgão homólogo da sociedade gestora do futebol profissional ‘axadrezado’.

“Isto funciona como numa casa: se a alugamos, o inquilino tem de nos pagar. Havendo contratos firmados, a SAD tem de pagar ao clube. Queremos que, da união entre ambos, saia um Boavista mais forte”, reiterou Filipe Miranda, quando questionado sobre o recente distanciamento entre a administração liderada por Fary Faye e a direção presidida por Vítor Murta.

Já Jorge Ribeiro, ex-dirigente do futsal e do futebol feminino do Boavista, vai concorrer à presidência do Conselho Fiscal, num escrutínio que deverá ser realizado até janeiro de 2025, mas ainda não tem data nem local marcados.

Filipe Miranda é o primeiro candidato público às eleições do Boavista, presidido desde dezembro de 2018 pelo advogado Vítor Murta, que terminou em maio um período de quatro anos na liderança da SAD, sendo substituído pelo ex-futebolista senegalês Fary Faye.

O gestor confirmou ter estado reunido com Vítor Murta na sexta-feira, mas rejeitou comentar um alegado pedido dissuasor do líder máximo das ‘panteras’ para abdicar da corrida aos órgãos sociais.

“Não queria estar a expor esses assuntos. Daremos essa resposta a seu tempo, porque, neste momento, quero desfrutar do nosso momento, da minha equipa e desta apresentação em vez de estar a falar de coisas que não são tristes, mas que têm e serão resolvidas”, finalizou.