Continua o caos na Assembleia Geral Extraordinária do FC Porto que delibera sobre os novos estatutos do clube. Inicialmente marcada para o auditório do Dragão, com capacidade para 400 pessoas, a mesma foi adiada em uma hora e meia e transferida para o Dragão Arena (2000 lugares), face a afluência de mais de quatro mil sócios do FC Porto que querem participar.

Inicialmente marcada para às 21h0, a AG do FC Porto só arrancou perto das 23h40, apesar de ainda haver milhares de sócios fora do pavilhão a fazerem o registo para entrarem.

No entanto, centenas de sócios do clube foram obrigados a deixar o Pavilhão, depois de cenas lamentáveis, inclusive com o arremesso de garrafas. Alguns sócios presentes na mesma têm relatado nas redes sociais cenas de agressões, com pontapés, socos e empurrões nas bancadas do Dragão Arena. Fernando Madureira, líder da claque SuperDragões, esteve envolvido na confusão, como se pode ver pelos vídeos que circulam nas redes sociais.

Quem saiu do pavilhão está a pedir a intervenção da Polícia mas as forças de autoridade não podem entrar por se tratar de uma reunião privada. Só o presidente da Mesa da Assembleia Geral pode autorizar a presença das forças da autoridade.

"Tivemos de abandonar o pavilhão por não batermos palmas ao Pinto da Costa, está tudo à porrada", revelou um adepto aos jornalistas no exterior do Dragão Arena, citado pela TVI.

Apesar de alguns centenas terem abandonado por não se sentirem em segurança, ainda há centenas a querem entrar no pavilhão para exercer o seu direito.

Entretanto os ânimos já estão mais calmos, os trabalhos foram retomados, com normalidade.

A direção do FC Porto está presente. O presidente Jorge Nuno Pinto da Costa garante que as eleições para os órgãos sociais do clube serão realizadas em abril de 2024.

A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio são algumas das mudanças em discussão.

Elaborado pelo Conselho Superior, órgão consultivo do FC Porto, o documento protege a manutenção da maioria do capital social da SAD perante uma eventual entrada de novos investidores, alargando ainda a abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os ‘dragões’, desde que salvaguardem o “manifesto interesse do clube”.

Qualquer alteração dos estatutos necessitará de dois terços de votos favoráveis para ser aprovada, entrando em vigor no dia seguinte ao da publicação da escritura pública, que deverá ser realizada num prazo de 30 dias junto da Conservatória do Registo Comercial.

AG extraordinária do FC Porto transita do Estádio do Dragão para Dragão Arena

A sessão magna estava prevista para ocorrer num auditório do estádio, com capacidade para sensivelmente 400 pessoas, número largamente inferior à quantidade de sócios que se juntaram nas imediações, levando a Mesa da Assembleia Geral (MAG) a transitar os trabalhos para o Dragão Arena, que ultrapassa os 2.000 espectadores em dias de jogos.

Nas filas estavam presentes José Fernando Rio e Nuno Lobo, candidatos derrotados por Jorge Nuno Pinto da Costa nas últimas eleições do clube, em 2020, com o empresário a prometer que solicitará a impugnação da AG extraordinária, reiniciada a partir das 22:30.

“Infelizmente, tomei conhecimento de que a AG se iniciou com estas pessoas todas aqui fora. Não tenho palavras para qualificar a situação. É uma vergonha o que estão a fazer com os sócios do FC Porto. Mudaram de sítio sem avisar e começaram uma AG sem ter respeito pelo último associado que entrou no recinto. Isto é lamentável. Não me revejo no rumo que o clube está a tomar”, partilhou aos jornalistas Nuno Lobo, à saída do Dragão.

André Villas-Boas, ex-treinador e potencial candidato às próximas eleições do FC Porto, também compareceu e censurou os moldes da AG de aprovação do projeto de mudança estatuária, que troca abril por junho como limite para a realização das eleições do clube.

“Lamentavelmente, fica registado a falta de organização de uma AG. Quero agradecer a todos os associados aqui presentes, que sentem o FC Porto de uma forma muito intensa, marcaram presença e esperavam outra organização. Peço ao presidente da MAG [José Lourenço Pinto] que reconsidere a realização desta AG e que a remarque para um local e uma hora apropriados, de forma que todos os sócios possam votar livremente”, solicitou.

Numa entrevista concedida há quase três semanas ao semanário Expresso, André Villas-Boas, de 46 anos, admitiu a hipótese de concorrer às eleições quadrienais dos ‘azuis e brancos’, que decorrerão em 2024, mas ainda não têm qualquer candidatura anunciada.

“Foi-nos dada a informação de que o presidente da Mesa da Assembleia Geral pretendia mudar a AG para outro local daqui a 45 minutos. Tendo em conta as filas que se estão a propagar, é difícil que aconteça o registo de todos os sócios. Lamentavelmente, não há condições para tomar qualquer decisão nesta AG extraordinária”, reiterou o ex-treinador.