O vice-presidente do Sporting para a área financeira admitiu numa entrevista ao Diário de Notícias que vai haver uma descida na massa salarial e nos custos com o pessoal, tudo devido ao momento conturbado do clube.

Carlos Vieira sublinhou que a 31 de março a situação financeira dos 'leões' estava controlada, mas que a saída dos nove jogadores criou algumas dificuldades. "Agora com a perda de alguns jogadores com valor de mercado e que seriam alvo de transações obviamente que dificulta um bocadinho a situação mas estamos a gerir isso."

"Tínhamos o empréstimo obrigacionista e seria feito o revolving a pagar a três anos. Numa lógica de estabilidade a situação estaria sanada. Não havendo, tem havido dificuldades com o empréstimo obrigacionista, os 30 milhões que empurrámos para novembro e a nova emissão que não foi possível e que daria um apoio de tesouraria necessário para que a venda de jogadores fosse uma possibilidade", começa por dizer

"Vai haver uma redução da massa salarial à partida, uma redução dos custos com pessoal e com a equipa técnica. É ir gerindo isto dentro do possível, da realidade das SAD que nesta altura do verão conseguem sanar muitos das suas dificuldades de tesouraria, de cobertura de resultados de final de ano e de fair-play, o break even para a UEFA. Numa lógica de estabilidade esta lógica estaria colmatada", acrescentou.

Vieira sublinhou que o Sporting "está em condições, neste momento, de sanar os seus compromissos", mas alertou para o facto de "mantendo-se a instabilidade, a situação vai ficar complicada."

"Estamos na linha da frente para o fazer mas a CMVM tem levantado uma série de questões relevantes para o próprio o prospeto para que não surjam questões legais de futuro com os investidores. Não sei o que vai acontecer, nós continuamos a trabalhar. (...) Se houver um recuo de quem tem vindo a atacar o grupo Sporting claramente que não haverá dificuldade em fazer o empréstimo obrigacionista. Vai demorar algum tempo para recompor as coisas, acredito que o consigamos fazer. Estamos em condições, neste momento, de sanar os nossos compromissos. Mantendo-se esta instabilidade a situação vai ficar complicada. Mas aí ver-se-á a verdadeira fibra do responsável financeiro", afirmou Carlos Vieira.

Confrontado com as palavras de José Maria Ricciardi, que afirmou numa entrevista que o Sporting precisa de 60 milhões de euros até ao final do mês, Carlos Vieira confirmou essas informações, mas criticou o banqueiro por estar a revelar "informação" confidencial à qual teve acesso por ter pertencido a uma comissão do Conselho Leonino: "O revolving de 30 milhões, o empréstimo de 15 a 20 milhões e mais uns pozinhos e chegamos aos 60 milhões. O inconveniente é que, sabendo isso, estão a tentar estrangular-nos para depois porem o pé cá dentro. (...) Fez uma proposta para colaborar com o Sporting e que foi recusada. Percebeu que estava posto de lado e não ia comer uma fatia da tarte."

O dirigente leonino disse ainda que acredita que os nove jogadores que rescindiram o contrato vão regressar ao clube, considerando que as rescisões foram "ilegais".

"Assumindo que as pessoas recuam nas suas atividades, a estabilidade há de vir e permitir-nos-á negociar vendas ou recuperações de dinheiro de jogadores que saíram. Consideramos que foram ilegítimas e ilegais as rescisões. Nenhum clube vai arriscar contratar esses jogadores sem falar com o Sporting. (...) Muitas das coisas vão decidir-se em tribunais arbitrais em que há um modelo de justiça salomónica", atirou.