As Varas Criminais do Porto marcaram para 29 de outubro a leitura da sentença do caso em que José Carlos Martins e a ex-mulher, Cláudia Dória, são acusados de nove crimes de burla qualificada, nomeadamente, a futebolistas.

O coletivo que está a julgar este caso tomou hoje a decisão, na última sessão das alegações finais, dominada pelo requerimento apresentado pela defesa da arguida, liderada por Carlos Gonçalves, que pretendia ouvir duas testemunhas, Carlos Matos e o seu advogado.

Carlos Gonçalves alega que a sua constituinte nada tem a ver com as atividades que o seu então marido terá desenvolvido desde os finais da década de 90 e durante cerca de uma década.

O tribunal opôs-se ao requerimento, sustentando tratar-se de «diligências absolutamente impertinentes» e, por esta razão, indeferiu a «prova testemunhal» que a defesa de Cláudia Dória solicitou.

Mas Carlos Gonçalves manteve a sua tese e realçou que, dos «noves crimes imputados» à arguida, «apenas relativamente a um deles» requereu a produção de tal prova, concluindo «existir nulidade» na decisão tomada pelo tribunal.

O advogado argumenta estar em causa o «conteúdo» de uma certidão judicial relacionada com o arresto do património do ex-casal, que não pôde confrontar durante o julgamento.

O juiz João Castro contestou por sua vez os argumentos, alegando que o advogado «não aludiu ao concreto fundamento da nulidade» mencionada, e manteve sua decisão de recusar o requerimento, tendo sido apoiado pelo procurador Fernando Miranda.

A defesa de Cláudia Dória anunciou que «não se conforma com a sentença proferida, que entendeu inexistir nulidade quanto ao não reconhecimento da essencialidade e necessidade da prova requerida», pelo que vai interpor recurso para o Tribunal da Relação do Porto.

O recurso, contudo, não tem efeito suspensivo sobre a leitura da sentença, que o tribunal marcou para dia 29, pelas 11h30.

Entre os supostos lesados deste caso de burla qualificada figuram vários antigos jogadores do Boavista, como os guarda-redes Ricardo (496 mil euros) e os médios Jorge Couto (496 mil euros) e Hélder, comerciantes e outras pessoas.