A centralização dos direitos de televisão dos jogos dos campeonatos profissionais começa a ganhar forma. O tema foi abordado na terça-feira, na 10.ª Cimeira de Presidentes, que decorreu em Coimbra.

No entanto, a ideia não agrada a todos os clubes. O economista Camilo Lourenço falou do projeto ao programa 'Bola Branca', da Renascença e à aquela rádio defendeu que o Benfica será o clube mais prejudicado.

"Os clubes como Sporting, Porto e Benfica, mas, sobretudo, o Benfica não vêem com bons olhos esta centralização. Agora, para os clubes mais pequenos, dá muito jeito", analisou o economista e jornalista, explicando depois que será mesmo "um desastre para o Benfica".

Na Cimeira de Presidentes onde a Centralização dos Direitos Audiovisuais foi o tema principal, os clubes reforçaram o compromisso de que os prazos estabelecidos no Decreto-Lei 22-B/2021 – apresentação do modelo centralizado à Autoridade da Concorrência em 2026 e implementação do modelo em 2028 – serão cumpridos.

Em fase de consolidação estão também o Regulamento Audiovisual e o Regulamento de Controlo Económico, que serão aprovados até ao final da época 2022/23.

O Governo, através do Secretário de Estado, diz que está “a seguir de perto e com atenção” o processo da centralização dos direitos televisivos proposto pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

A 10.ª Cimeira de Presidentes da LPFP, a última no mandato de Pedro Proença à frente dos destinos da Liga de Portugal, contou com a presença de 32 líderes de clubes de futebol profissional da I Liga e da II Liga, não se tendo feito representar o Estoril e o Sporting da Covilhã.

Em novembro de 2022 o tema tinha sido discutido em mais uma Cimeira de Presidentes.

“O processo da centralização dos direitos audiovisuais é irreversível, e os clubes ainda equacionam a antecipação da sua implementação [apontada para 2028]. Será o mercado a ditar se tal pode acontecer” disse, na altura, Pedro Proença.

O dirigente relembrou que a intenção da centralização dos direitos é “reduzir a diferença entre os que mais ganham e os restantes, que atualmente está na proporção de 1 para 15”, e embora ainda não detalhando o modelo a implementar, garante que o pressuposto “é manter os valores mínimos dos atuais contratos [televisivos], sendo que boa parte do incremento será para os que menos ganham”.

“O modelo a seguir pode ser o da La Liga [Espanha], em que 50% das receitas é distribuída equitativamente, 25% pela performance desportiva da época anterior e os restantes 25% através dos processos de implementação das marcas dos clubes no espaço nacional”, partilhou Pedro Proença.

Questionado a se a implementação do modelo de centralização implicará, ou não, uma revisão dos modelos competitivos, o líder da LPFP disse que “foi apresentando um estudo encomendado pela Liga a uma empresa, que aponta uma correlação direta entre o modelo competitivo e o valor dos direitos audiovisuais”, nomeadamente que a redução de jogos poderia levar a uma redução do valor dos respetivos direitos.

“Foram apresentados cinco modelos, percebendo as implicações no aliviar do calendário, mas também percebendo a consequência no valor dos direitos audiovisuais”, confirmou Pedro Proença, a 11 de novembro de 2022.