O boletim meteorológico promete chuva para os próximos dias e tem sido assim nos últimos tempos. Depois de um verão que se prolongou até novembro, o inverno tem sido rigoroso e muitos portugueses aguardam ansiosamente que as nuvens decidam dar tréguas. Entre eles, certamente e por motivos profissionais, estão aqueles que têm por missão manter “saudáveis” os relvados dos estádios de futebol.
Um pouco por todos os estádios da I e II Liga, os relvados começam a dar sinais de saturação depois de tanta chuva e o SAPO Desporto foi tentar perceber se a realização de jogos pode ser mesmo posta em causa, caso continue o mau tempo.
Manuel Pedro Melo, agrónomo e consultor técnico da RED, - empresa especialista na instalação de relvados e que trata dos tapetes verdes do Estádio do Dragão, da Luz ou do Estádio AXA -, revela que por estes dias há relvados muito mal tratados.
“Os relvados estão mal, porque nem todos estão feitos com as novas tecnologias e com a água que tem caído há muitos que estão saturados e a relva levanta toda”, começa por dizer este especialista, que explica que os estádios mais recentes suportam maiores quantidades de água e que é nos relvados da “velha escola” que as consequências podem ser mais graves.
“A nova tecnologia de construção de relvados é assente em cima de areia, com uma caixa drenante por baixo, o que possibilita uma velocidade de infiltração muito maior do que nos relvados de construção tradicional, que eram feitos com terra. É certo que nestes eram feitos grandes esquemas de drenagem, mas ao colocar uma camada de terra por cima a água que chega à drenagem é muito pouca”, explica Manuel Pedro, que adianta que tanto numa situação como noutra, a solução passa por esperar pelo fim da época, “quando há tratamentos que têm de ser realizados”.
“Nessa fase fazem-se furações com extração, para criar novos canais de drenagem, vibrações, e tudo o que sejam trabalhos de aligeiramento da superfície do solo e incorporação de materiais de drenagem, como a areia, que ajudam a minimizar os problemas provocados pela chuva.”
Ainda assim, admite que é possível atuar com as provas a decorrerem, embora não sejam “trabalhos de grande profundidade”.
Para já, a chuva parece não fazer tenções de abrandar e nos próximos jogos do campeonato este especialista imagina que possam existir relvados próximos das condições do que na gíria futebolística de denominou de “batatal”.
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