Mercado de transferências fechado, com mexidas e ajustes de última hora nos plantéis dos principais clubes portugueses. No Sporting tivemos uma saída importante e a chegada de um internacional espanhol, enquanto Benfica e FC Porto preocuparam-se no derradeiro dia, sobretudo, em resolver problemas com os excedentários que não faziam parte das contas dos respetivos treinadores.

Mas, feitas as contas, entre entradas, saídas e jogadores que estiveram para sair mais ficaram, estarão 'leões', 'dragões' e 'águias' mais fortes ou mais fracos do que na temporada passada? O SAPO Desporto olha para como correu o mercado aos três clubes e para como ficaram os seus plantéis.

MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS: AS AQUISIÇÕES DOS TRÊS GRANDES

Sporting com novas soluções, mesmo depois de ter ficado sem Nuno Mendes, mas faltará alguma profundidade

A defender o título de campeão, conquistado ao fim de 19 anos, e a tentar sagrar-se bicampeão pela primeira vez desde 1954, o Sporting viu partir no derradeiro dia de mercado uma das pedras importantes da temporada passada, com a saída de Nuno Mendes para o PSG. Foi o segundo habitual titular da época do título a deixar a equipa, depois de João Mário, que acabou por assinar pelo Benfica.

Ainda assim, quer uma quer outra saída parecem ter sido preenchidas por jogadores capazes de fazer com que os adeptos não sintam (muitas) saudades dos dois que seguiram para outras paragens. Rúben Vinagre terá sido contratado já com uma eventual saída de Nuno Mendes no pensamento e Matheus Nunes iniciou a temporada em grande forma e ninguém parece sentir, pelo menos para já, a falta de João Mário.

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Começando pela baliza, Adán continua a ser dono e senhor das redes verdes e brancas. Ao ponto de Luís Maximiano ter rumado a outras paragens, sem espaço para jogar. Para suplente de Adán chegou outro jovem guarda-redes português, João Virgínia.

Nas alas, para o lado direito o Sporting ganhou mais uma opção de valor para o corredor direito, ficando com dois potenciais titulares para esse lado com a chegada de Ricardo Esgaio, para um lugar onde já existia Pedro Porro, que tão boa conta de si deu na última época. Mas na esquerda, e apesar de Rúben Vinagre dar garantias de qualidade, a saída de Nuno Mendes deixa os 'leões' sem outro ala esquerdo de raiz, passando as alternativas por uma adaptação (não inédita) de Nuno Santos ou por Matheus Reis, que também contará como central.

E, no centro da defesa, caso Feddal, Gonçalo Inácio ou Coates (os habituais titulares) não estejam disponíveis, as alternativas são apenas Luís Neto e Matheus Reis. Esta época também com a Liga dos Campeões pela frente, não será descabido perguntar se será suficiente...

No meio-campo, Amorim estará certamente feliz por ter mantido João Palhinha e Matheus Nunes apesar do assédio de outros clubes. Os dois são titulares indiscutíveis e preponderantes na manobra da equipa (ainda para mais com a partida de João Mário). A contratação Manuel Ugarte é ainda uma incógnita, caso um dos dois se lesione, havendo também um Daniel Bragança em fase de afirmação e um Bruno Tabata que estará ainda à procura de qual o seu lugar no plantel.

No ataque, Pedro Gonçalves, melhor marcador da I Liga na época passada, continua em Alvalade e parece continuar com pontaria afinada. Depois, há Jovane Cabral e Nuno Santos, que irão lutar pela titularidade com o recém-chegado Pablo Sarabia. Emprestado pelo PSG, o internacional espanhol será, sem dúvida, um acrescento em termos de qualidade e, tal como 'Pote', é também um jogador com 'golo' (basta olhar para o que fez no Sevilha, antes de se mudar para Paris).

Aos 'leões' faltará depois, talvez, mais um ponta de lança (para fazer concorrência a Paulinho, que continua a marcar pouco, só há Tiago Tomás). A chegada de Sarabia, porém, pode até permitir que Jovane Cabral passe a ser mais uma opção para o centro do ataque, deixando o papel de extremo que vem ocupando.

FC Porto com poucas mexidas, mas Sérgio Conceição não se importaria de ter mais alternativas

O FC Porto esteve relativamente calmo ao longo de toda a janela de transferências e o derradeiro dia do mercado não foi exceção. Assim, na perspetiva de Sérgio Conceição, o cenário é positivo: o técnico perdeu Marega, mas os Taremi e Toni Martínez já mostraram esta época terem a veia goleadora intacta, e continua às suas ordens com Sérgio Oliveira, Jesus Corona ou Luis Diáz, que tiveram ofertas para sair.

Na baliza, com Marchesín a recuperar de uma operação, Diogo Costa vai ganhando espaço e há assim, cada vez mais, duas opções à altura. Para reforçar um dos setores mais débeis da equipa - o lado esquerdo da defesa - chegou o brasileiro Wendel, e no lado direito da defesa, o jovem João Mário parece ser aposta mais do que segura, relegando Manafá para a condição de suplente. Para o centro da defesa há Pepe, Mbemba, o agora recuperado Marcano e o recém-chegado Fábio Cardoso, isto depois da saída de Diogo Leite, por empréstimo, para o Braga, em cima do fecho do mercado.

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Para o meio-campo são muitas as opções: Sérgio Oliveira acabou, então, por ficar e não tardará certamente a recuperar o lugar na equipa e há ainda os jovens Fábio Vieira, Vitinha e Bruno Costa (este regressado ao clube azul e branco), para além, claro, do indiscutível Otávio, de Uribe e de um Marko Grujic agora 'dragão' em definitivo.

Mais à frente no terreno, Corona não saiu (boa notícia para Conceição, se conseguir 'recuperar' o jogador, não tanto para a SAD portista, que poderá agora ver o mexicano sair a custo zero), Luis Diáz, em grande forma, também continua (apesar de ter despertado o interesse de alguns nomes grandes da Europa), Francisco Conceição irá continua a crescer e o brasileiro Pepê ganhará, certamente, preponderância à medida que a época for avançando.

Por fim, há três pontas de lança no plantel: além dos já referidos Taremi e Toni Martínez, o FC Porto conta também com Evanílson

Benfica foi o que mais mexeu e é quem mais opções tem, mas Jesus queria (quer?) mais um central

Depois de um investimento elevadíssimo e de uma temporada de 2020/21 para esquecer, o Benfica foi, entre os três grandes, aquele que mais mexidas teve no plantel, entre entradas e saídas.

Ainda assim, no que toca a saídas as 'águias' não perderam qualquer jogador que fosse titular: Pedrinho, que passou praticamente despercebido na Luz, rumou à Ucrânia pelos mesmos 18 milhões que tinham sido pagos ao Corinthians, Luca Waldschmidt regressou à Alemanha (por um valor inferior àquele a que havia sido contratado há uma época) e Nuno Tavares e Franco Cervi também foram vendidos.

Ao todo, Jesus tem no plantel à sua disposição 28 jogadores (sem contar com Gedson e Gabriel, ainda à procura de colocação num dos mercados por fechar, como o russo ou o turco), sendo entre os 'grandes' aquele que mais soluções tem para as várias posições.

Na baliza não houve entradas nem saídas, mas parece ter havido mexidas, com Vlachodimos a recuperar a titularidade e a relegar Helton Leite para o banco. Ainda assim, Jorge Jesus contará com dois guardiões de nível semelhante, com o grego a mostrar qualidade neste início de época.

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No centro da defesa, são cinco os centrais, com Jesus a parecer determinado a, esta época, apostar com alguma frequência num sistema com três defesas centrais. Otamendi, Lucas Veríssimo e Vertonghen serão, à partida, os titulares e conferem garantia, mas a veterania de dois deles levou a que o treinador tivesse tornado público que desejava mais um central, que para já não chegou (poderá chegar a custo zero, ainda, e David Luiz, note-se, está sem clube...). Para já, as outras duas alternativas são Morato e Ferro (sendo que este último foi 'repescado', depois de praticamente descartado

Nas laterais as opções são muitas, sobretudo para a direita, com a chegada de Valentino Lázaro perto do fecho do mercado. Para além do austríaco, há Diogo Gonçalves, Gilberto (que já leva dois golos esta época) e André Almeida. Outro reforço, Gil Dias, é alternativa ao titular Alex Grimaldo no lado esquerdo.

No centro do meio campo, chegou Meité para médio-defensivo e Weigl parece cada vez mais o jogador que era na Alemanha. Um pouco mais à frente no centro do tereno, as opções também são de qualidade: João Mário, depois de se ter sagrado campeão no Sportig, tem espalhado classe na Luz, Pizzi continua a dar garantias e há ainda Taarabt.

Para a frente de ataque, uma vez mais, são muitas as alternativas para Jorge Jesus. Nas posições mais abertas, Rafa está a começar a temporada em grande, Pizzi e João Mário também podem ser opção, e há ainda Everton e o recém-contratado Radonjic. Depois, para homem mais adiantado, há Darwin (a recuperar a forma depois de longa lesão), Seferovic, que é garantia de golos, o jovem Gonçalo Ramos que continua a querer ganhar o seu espaço, Yaremchuk, contratado por 17 milhões de euros, e ainda outro reforço, Rodrigo Pinho. Opções, claramente, não faltam e superam (pelo menos em termos de número) claramente os rivais. Resta saber como Jorge Jesus as irá encaixar.

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