O presidente do Sporting C. Portugal abordou ontem vários temas relacionados com o emblema leonino e o futebol português na primeira grande entrevista da época. Da polémica presença de elementos das claques na Comissão de audição aos ex-presidentes às palavras de Luís Filipe Vieira sobre Jesus, Bruno de Carvalho não deixou ninguém sem resposta e deixou bem patente a posição do Sporting no panorama do desporto nacional.

Elementos das claques na Comissão de audição aos ex-presidentes

- Quem vai julgar? Ninguém vai julgar absolutamente nada. Causou estupefacção em alguns notáveis... Durante muito tempo ouvi que deviam ser ouvidos então vamos criar um espaço, para dar oportunidade às pessoas de falarem. Representantes das claques? Expectável é ter uma transposição daquilo que foi aprovado em AG, por mais de 90 por cento dos sócios. É um assunto interno, não um tribunal. Será uma coisa privada do Sporting. As pessoas vão sentir-se com a grandeza do Sporting, nunca as pessoas vão sentir o que eu senti em várias AG's, uma humilhação pública. Vão dizer aquilo que querem.

Arbitragens

- Futebol português podia sofrer grandes transformações, já sofreu algumas. Portugal vive o futebol com uma rivalidade tremenda, isso tem um lado bom, isto não é ópera. Há dois anos fiz uma avaliação da arbitragem e disse que o Sporting foi beneficiado. Sempre que o Sporting ganhava um jogo, aparecia a nota negativa do árbitro, que tinha beneficiado o Sporting em alguma coisa. Isto não contribui em nada para o futebol português. Vamos na terceira jornada e já dois clubes fizeram pressão sobre a arbitragem. Se há dolo? Tem muito a ver com as notas e classificações. Não se percebiam os critérios dos observadores... Árbitros têm de estar de cabeça limpa, sem pensar qual a arbitragem que devem fazer consoante as ideias de um observador. Às vezes as pessoas não percebem que estamos a falar de pessoas que ganham entre 500 ou 5 mil euros.

Vontade de Jesus sair do Sporting ao final do primeiro mês

- Se isso é chocante, eu entrei e 5 minutos depois queria sair. Todos sabíamos as situações. Quando encaramos um projeto, tudo é novo e o primeiro embate no Sporting não é fácil. O clube precisava de um grau de exigência tremenda. Isso foi-se perdendo ao longo do tempo. O trabalho que fizemos nos primeiros anos foi importante, de consolidação. Não foi chegar e dizer 'vou embora', aconteceu o que era previsível. Quando vimos de ser campeões 3 anos seguidos há que olhar para as coisas. Jesus técnico de longo prazo? Temos um plano traçado de médio/longo prazo. Agora, este treinador não é um treinador para qualquer presidente. Há presidentes que não conseguem estabelecer projetos de médio/longo prazo com treinadores com o grau de exigência de Jesus. Percebo o que quis dizer, é normal.

A possível saída de Adrien no último defeso

- Acho que tudo isso foi normal. É uma fase muito complicada quanto temos várias pessoas à volta dos atletas a prometer mundos e fundos. Por exemplo uma entrevista do presidente do Lyon a dizer que andava um agente a oferecer o Adrien. Mas não é assim que as coisas se passam. Tenta-se desestabilizar as pessoas. Foi precipitada mas... Adrien é formado no Sporting, que me encanta e compreendo tudo o que se passou. Tenho pena que o futebol seja assim. Quem desestabilizou? Tudo o que está à volta.

Adrien é um profissional de mão cheia, sabe que tem um contrato com o Sporting, o clube não se recusa a fazer bons negócios e o Adrien está a fazer o que sempre fez. Está 100 por cento empenhado e focado na sua casa, percebendo que a vida é assim. Quando renovámos há pouco tempo, uma das grandes possibilidades, isto é pensado. Gostava que ele acabasse no Sporting. Se é o mais bem pago? O ordenado dele nada tem a ver com a época de mercado.

A despedida de Slimani em lágrimas

- Ainda hoje estive com Slimani. Ele sabe o que o Sporting lhe proporcionou na carreira. Na altura ele estava na Argélia, tinha começado a jogar profissionalmente há dois anos, portanto quase que fez a formação no Sporting. Aprendeu o que é o Sporting, havia uma possibilidade de sair, ele emociona-se, pois sabe o carinho que os adeptos lhe têm. Ele hoje disse que estaria no final da época para comemorar o título. Com João Mário a relação ficou ótima. Às vezes as pessoas não percebem o que é esta altura do mercado. Temos de conciliar vários interesses. É tudo normal. Mais cedo ou mais tarde ele voltará ao clube que o ama.

As vendas recorde de Slimani e João Mário

- As coisas estavam mais ou menos previstos. Foi um mercado agitado mas previsto. Acabámos por fazer os dois melhores negócios da história do Sporting. O João Mário foi o negócio do melhor português para um estrangeiro. Dos 70 milhões quando entram? Cerca de 54 milhões. Amortizações? Isso é outra coisa. Entram 54 milhões nos cofres, onde se aplica, isso é outra coisa. Parece que sobrou um euro por cada, para a comunicação social. Há uma parte do João Mário que estava no fundo e uma parte do Slimani detida por uma empresa. O Sporting não é um clube que faça pacotes para tentar fazer algo de mal até a parceiros mas negociámos com a empresa que detinha 20 por cento do Slimani que balizámos no máximo a sua receita em 4 milhões. Logo aí foi uma diferença de 2 milhões nesta negociação.

Mercado de transferências

- Essa história do Rafa já é uma novela. Sporting já disse o que tinha a dizer. Benfica quis, comprou e ficou com ele. Sporting tem o plantel que queria e não vou alargar-me sobre isso. O que queríamos, temos. O resto já dissemos. Não volto a falar sobre isso. Troco muitos sms's com muitos presidentes. Foi uma boa contratação do Benfica. Os alvos prioritários do Sporting, temos todos.