O Conselho Geral do Boavista vai analisar na sexta-feira a condenação por alegado assédio sexual do presidente do clube da I Liga de futebol, Vítor Murta, revelou hoje Arnaldo Figueiredo, líder daquele órgão consultivo.

“O Conselho Geral reúne-se sempre que há assuntos de interesse para o clube. As pessoas manifestaram vontade de discutir esse tema, mas não tenho falado com ninguém nem faço a mínima ideia sobre o que pensam. Como o Conselho Geral é um órgão não executivo, qualquer decisão que possa dali sair não passará de uma recomendação”, explicou o dirigente, em declarações à agência Lusa.

A reunião estava inicialmente agendada para 30 de agosto, mas foi adiada por uma semana e decorrerá na sexta-feira, às 18:30, no salão nobre do Estádio do Bessa, no Porto, tendo como ponto dominante da ordem de trabalhos a discussão sobre as implicações da condenação de Vítor Murta por alegado assédio sexual a uma funcionária da SAD do Boavista.

O dirigente, que atualmente preside apenas ao emblema do Bessa, foi suspenso por seis meses e multado em 2.448 euros pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), devido a “comportamentos discriminatórios”, na sequência de um processo disciplinar instaurado em 03 de outubro de 2023, quando ainda liderava a sociedade gestora do futebol profissional ‘axadrezado’, da qual saiu em maio.

De acordo com o acórdão divulgado pelo órgão disciplinar em 16 de agosto, Vítor Murta "adotou, designadamente por meio de expressões e alusões grosseiras, comportamentos inconvenientes e que importunavam a ofendida, à data dos factos ainda bastante jovem", num caso que remonta ao período entre setembro de 2019 e novembro de 2022.

O regulamento disciplinar da FPF contempla a condenação por ilícitos respeitantes a assédio sexual, ao contrário do da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), esfera sob a qual foram julgadas as infrações cometidas pelo ex-presidente da Boavista SAD ao artigo 137.º, que pune "os dirigentes que tenham comportamentos que atentem contra a dignidade humana, em função da raça, cor, língua, religião, origem étnica, género ou orientação sexual".

Vítor Murta negou as acusações e já recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), enquanto o CD da FPF remeteu a condenação ao Ministério Público (MP) e a administração do 11.º classificado da I Liga, comandada pelo senegalês Fary Faye, repudiou com veemência os factos, prometendo tomar as medidas necessárias.

O dirigente máximo do clube integra por inerência o Conselho Geral do Boavista, do qual também fazem parte, entre outros elementos, o presidente adjunto António Marques, os líderes e ‘vices’ da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal ou os presidentes honorários João Mexia Alves e Valentim Loureiro.