Três dos órgãos sociais do Vitória de Guimarães criticaram hoje o treinador Álvaro Pacheco por “utilizar associados e adeptos” vimaranenses para “limpar imagem”, ao anunciar que ia avançar com uma queixa–crime contra o presidente do emblema da I Liga portuguesa de futebol.

A mesa da assembleia geral, o conselho fiscal e o conselho de jurisdição defendem, em comunicado, dispensar veementemente qualquer tentativa de o técnico de 52 anos “se arrogar zelador dos interesses” vitorianos, “por carecer de estatuto ou legitimidade para o efeito”, após ter anunciado uma queixa–crime contra António Miguel Cardoso “por si, mas também pelos vitorianos”, em comunicado emitido na quarta–feira.

“O senhor Álvaro Pacheco quer, mas sem sucesso, utilizar o Vitória Sport Clube, e os seus associados e adeptos, com o claro intuito de limpar uma imagem beliscada pela sua própria conduta desadequada e ambição descontrolada”, refere o comunicado assinado pelos presidentes da mesa da assembleia geral, Belmiro Pinto dos Santos, do conselho fiscal, Ricardo Lobo, e do conselho de jurisdição, João Henrique Faria.

Os representantes do clube vimaranense afirmaram ainda que dispensam “veementemente qualquer tentativa” do técnico “se arrogar zelador dos interesses do Vitória, seja em que instância for, por carecer de estatuto ou legitimidade para o efeito”, no mesmo parágrafo em lhe desejam sorte no próximo projeto, ao serviço do Vasco da Gama, clube brasileiro ao qual tem sido associado.

Através da sua assessoria de imprensa, Álvaro Pacheco considerou que as declarações do presidente vitoriano, proferidas durante uma conferência de imprensa para explicar a sua saída do comando técnico, atacam a sua “honra e bom nome” e a “ligação, entrega e compromisso” que estabeleceu com o clube em sete meses e meio de trabalho.

Apesar de alegarem respeito pelos pouco mais de sete meses ao serviço do clube vimaranense, os três órgãos sociais vincaram que Álvaro Pacheco “nunca antes exerceu qualquer cargo ou assumiu qualquer posição em privado ou público que o possa distinguir como um vitoriano”.

Os representantes do Vitória criticaram também as menções a “entrega e compromisso”, princípios que, a seu ver, foram violados quando “arriscou participar e publicitar um jantar de negócios” realizado em 29 de abril com os responsáveis do Cuiabá, clube brasileiro que esteve interessado na sua contratação, e faltar a “um evento com os jogadores da equipa de futebol num período fundamental para as aspirações desportivas” vitorianas.

Na conferência de imprensa de quarta–feira, António Miguel Cardoso referiu que Álvaro Pacheco estava autorizado a reunir–se com dirigentes do Cuiabá, desde que de “forma sigilosa”, algo que, a seu ver, não aconteceu face à divulgação da reunião pelo restaurante de Lisboa onde decorreu.

O presidente vitoriano considerou mesmo “surreal” o treinador “faltar a um evento do clube para se encontrar com dirigentes de outro clube num restaurante” e convidou Álvaro Pacheco a “pedir desculpa” pela sua conduta.

A mesa da assembleia geral, o conselho fiscal e o conselho de jurisdição aceitam como “verdadeira a totalidade dos factos elencados” durante a conferência de imprensa e declaram “expressamente o apoio institucional à direção e pessoal ao seu presidente, António Miguel Cardoso”.