O presidente da ANAF, Artur Fernandes, admitiu que os empresários atravessam uma «fase má» e que a crise económica e o desgaste fazem da atividade uma profissão de risco.

«Ser agente é hoje uma profissão de alto risco. Pode ser rentável para dois ou três por cento dos agentes. Uns 30 por cento sobrevivem e os restantes fecham portas ao final de um ou dois anos», afirmou Artur Fernandes, em declarações à agência Lusa.

O empresário reconheceu que «a crise é geral, afeta todos os quadrantes económicos, e o futebol não é exceção». Reflexo disso, são as contratações a «custo zero» e outros negócios mais criativos.

«Tentaremos com imaginação e empenho ultrapassar esta fase má. Há menos dinheiro para transferências, logo os empréstimos e trocas são uma constante. Eu diria que, em comparação com a década de 90, trabalhamos 10 vezes mais, gastamos 10 vezes mais, desgastamo-nos 10 vezes mais, para atingir objetivos 10 vezes inferiores», referiu.

O empenho dos agentes é semelhante, segundo Artur Fernandes, à dedicação dos dirigentes, que «fazem diariamente um esforço brutal no sentido de conseguir receitas para os seus próprios clubes».

«Aparentemente, o mercado está menos movimentado, mas a verdade é que o esforço de todos tem sido cada vez maior», sustentou o agente.

Artur Fernandes lamenta apenas que «não exista um cenário ideal de parceria entre dirigentes, empresários e jogadores para tratar do futebolista como um 'produto português de excelente qualidade', com a organização, dinâmica e sinergia que este Produto de Interesse Nacional o obrigaria».

«A política adequada ao futebol português tem de ser a de hipervalorizar, qualificar e desenvolver o futebol português, continuar a formar e a educar, e vender esta imagem de qualidade, quantidade, competência e profissionalismo ao estrangeiro», disse, apontando o FC Porto como um exemplo a seguir.

Nesse sentido, Artur Fernandes diz que os agentes devem prestar um trabalho de qualidade, que vai muito além da «falsa questão de receber comissões».

«O que nós recebmos são honorários dos nossos trabalhos, quando prestamos um bom serviço a um clube ou atleta. Esta deve ser a filosofia, e nunca ao contrário. Por isso, o importante é a prestação do serviço, a estratégia de carreira, a consultadoria desportiva e a satisfação do cliente», frisou.

A cerca de um mês de fechar o mercado de transferências, o presidente da ANAF realça a preocupação decorrente do "desemprego" de jogadores.

«Os jogadores a colocar, mais que um encargo óbvio que acarretam, são uma preocupação constante para o agente. É uma vida humana que está em jogo, um agregado familiar na maioria das vezes», concluiu.