O Sporting vive uma crise provocada pela “incompatibilidade entre a marca Bruno de Carvalho e a marca clube”, que se “encontram desalinhados”, disse à agência Lusa o presidente da Ivity Brand Corp, Carlos Coelho.

De acordo com o publicitário, que falava antes de a SAD do Sporting anunciar que tinham sido retirados os processos disciplinares a futebolistas do plantel principal, “Bruno de Carvalho resolveu entrar em conflito com o próprio clube” e “a solução para a resolução deste problema passa pelo seu afastamento”.

“Esta situação de incerteza tem um impacto negativo difícil de quantificar e vai muito além da suspensão das ações do clube em bolsa, do adiamento do financiamento e, eventualmente, de perdas ao nível dos patrocinadores”, refere.

Carlos Coelho explica que “há ainda perdas que se revelam a outros níveis, pois um clube ou uma marca tem dois tipos de património, ou seja, o material, que se traduz pelos seus ativos, e o imaterial, que é tudo o que o liga às pessoas”.

“No caso específico de um clube (ou marca), os valores imateriais são maiores do que os patrimónios materiais, até porque se assim não fosse era totalmente inviável que existissem clubes com passivos tão grandes”, justifica.

Para o publicitário, “só a vontade, o amor, a dedicação e a ligação a um clube é que faz com que seja possível manter instituições tão grandes, que movimentam tanto dinheiro, e que sejam muitas vezes geridas com indicadores que não são possíveis em empresas normais”.

“Há algo invulgar no caso concreto do Sporting, pois há uma incompatibilidade entre a marca pessoal do presidente (Bruno de Carvalho) e a marca institucional do clube”, sustenta.

Para Carlos Coelho, “há um desalinhamento entre a forma de estar, comportamento e como se expressa o presidente, e aquilo que se espera que seja a forma como o clube se expressa. São duas marcas que entraram em conflito. Em termos de imagem, o clube e o presidente não vão nos mesmos carris”.

“O que divide os sócios e simpatizantes sportinguistas é que o presidente, do ponto de vista dos atos de gestão, tem cumprido uma série de aspetos que colocaram o Sporting nos carris, mas o seu comportamento tem sido divergente daquilo que são os valores profundos do Sporting”, adianta.

Esta crise, explica o publicitário, é fruto daquilo que sempre foi o comportamento de Bruno de Carvalho e que agora entrou em conflito com o próprio clube.

“Até agora, eram conflitos com a comunicação social, com o Benfica, com o FC Porto, e como eram externos até serviam para unir o clube, colocando a marca pessoal a favor da marca Sporting. Mas, agora, entrou (Bruno de Carvalho) em conflito com a marca Sporting”, acrescentou Carlos Coelho.

Para o fundador da Ivity Brand Corp, uma consultora internacional de criação, inovação e gestão de marcas, há duas formas possíveis para minimizar e conter os estragos provocados por esta situação de sobreposição da marca presidente à marca Sporting.

“Esconder a crise com resultados imediatos. Com o Sporting a ganhar. Isto acalmará a situação, mas não irá resolver, porque o desalinhamento está lá e do meu ponto de vista a solução passa, claramente, por substituir o presidente”, diz Carlos Coelho.

Críticas de Bruno de Carvalho à equipa de futebol após a derrota com o Atlético de Madrid (2-0), na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa, motivaram uma reação do plantel e a abertura de duas dezenas de processos disciplinares, que entretanto foram retirados pela administração da SAD ‘leonina’.

O sucedido deu também lugar a uma crise institucional, depois de o presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube, Jaime Marta Soares, ter afirmado que Bruno de Carvalho não tinha condições para continuar, antes de a Holdimo, maior acionista externo da SAD, ter solicitado uma AG para debater a situação interna.