A uma sexta-feira à tarde, quando quase todas as pessoas pensam no descanso do sagrado fim-de-semana, aqueles há que sentem que não podem perder a oportunidade de ver de perto os seus ídolos. Foi isso que esta tarde, pelas 18h00, aconteceu em Alcochete. Não encheu, é verdade, ficou meia casa (700 espectadores), a mostrar que desta é que vai ser. Durante uma hora, deram largas à euforia de quem sente que tudo vai mudar, para melhor.

Entrou Domingos em campo e o ritual aconteceu. Aplaudido de pé, entre o sonoro “Nós só queremos Domingos campeão”. E depois os jogadores, com Bojinov, o búlgaro, o camisola 7, o último reforço leonino até ao momento, e Schaars, o holandês que chegou de surpresa, a merecerem vozes mais altas.

E de entre a euforia, surgiu o comentário que ficou no ouvido. As botas de Marat Izmailov, o desejado, ao estilo Dom Sebastião. Ainda assim, o novo número 10 (camisola que estava guardada nos balneários leoninos sem quem a envergasse), também teve direito a elogios. Mas voltemos às chuteiras. Vermelhas. As chuteiras de Izmailov eram vermelhas, a cor que poucos adeptos gostam. E, na realidade, todas elas agora são coloridas e imagem de marca de quem as calças. O preto e branco faz parte do passado. 

Da praia para o campo

Enquanto tomava atenção ao treino, dois adeptos falavam na bancada. Tudo certo até aqui, nada de extraordinário, não fosse a língua ser estrangeira. Holandês, pensei. E acertei. Pai e filho, ai na casa dos 12 anos – os miúdos hoje em dia enganam - tinham deixado a praia quando leram num jornal que havia treino aberto aos sócios. Não hesitaram. «Deixámos a família na praia e viemos», conta o pai, ainda com ar de quem tinha dado uns mergulhos e apanhado sol. O miúdo, típico ar de holandês, veio ver o Ricky e o Schaars. Arranha o português, desenrasca-se. Não vieram de propósito da Holanda para ver o treino, estão cá de férias, mas não escondem a tristeza de saberem que os leões vão estar na sua terra a preparar a época e eles cá. Mas há sempre a Liga Europa e quando o Sporting joga fora, eles estão lá.