O documento a que a agência Lusa teve acesso sublinha que "os assistentes de recinto desportivo ao serviço da SL Benfica SAD adoptaram conduta provocatória que contribuiu para a desordem e os confrontos físicos verificados no túnel após o jogo", sabendo que essa conduta era proibida e passível de punição.

A agitação levou a que alguns jogadores da FC Porto SAD que já estavam dentro do balneário "voltaram ao túnel", tendo o instrutor do processo concluído que "Hulk aproximou-se (...) do 'steward' Sandro Correia e tentou agredi-lo com um soco".

"O 'steward Sandro Correia conseguiu esquivar-se desse soco, interpondo-se, entretanto, entre ele e Hulk, outro 'steward'", lê-se no documento, acrescentando que o jogador brasileiro do FC Porto "tentou de imediato agredir novamente o referido Sandro com mais dois socos e desferiu ainda um pontapé com a perna esquerda".

O golpe atingiu o assistente de segurança "lateralmente, na zona da cintura", comprovado com a marca de lama deixada pela bota do jogador "no casaco que aquele usava por baixo da sobreveste".

Depois, "Sapunaru avançou também" sobre o "steward" e "desferiu, com a mão esquerda, um soco" que atingiu o assistente, "com violência, na testa", provocando "ferida aberta na testa".

"Em acto contínuo, Sapunaru deu um salto e, no ar, desferiu um pontapé com a perna direita, de frente para o 'steward' Sandro Correia, atingindo-o de raspão na zona abdominal", escreve o relator do despacho de acusação, mencionando erradamente que o jogador se sentou "no banco de suplentes da equipa da SC Braga SAD".

O jogador do FC Porto, a quem é apontada a "circunstância atenuante da conduta de Sapunaru a provocação verbal que lhe foi dirigida pelos 'stewards'", é ainda indiciado de ter desferido "um soco nas costas" ao "steward" Ricardo Silva.

No entanto, o relator nota a agravante do "carácter reiterado dos actos ofensivos da integridade física" perpetrados por Sapunaru sobre Sandro Correia, "bem como as respectivas consequências, nomeadamente a ferida aberta na testa provocada a esse 'steward'".

A mesma atenuante da provocação dos assistentes é considerada no caso de Hulk, à qual é também levada em conta "o facto de os 'stewards' terem usado os braços para tentar conduzir este arguido, bem como outros agentes da FC Porto SAD, para o balneário".

À semelhança de Sapunaru, Hulk também arrisca uma suspensão de seis meses a três anos e a uma multa pecuniária de 2500 a 7500 euros, mas o despacho de acusação lembra que o brasileiro "tem averbada no respectivo registo displinar da presente época desportiva a prática da infracção disciplinar, já transitada em julgado".

Por isso, Hulk é "considerado reincidente", uma circunstância "agravante", pelo que o relator conclui no despacho que "a infracção por que agora vai acusado é mais grave do que a anterior", ao que acresce a "intensidade do dolo" e as "tentativas de agressão a soco que precederam a agressão a pontapé".

Conclui o relator do processo, Renato Dias dos Santos, que o Benfica, acusado de não ter assegurado "a ordem e disciplina no interior do túnel", incorrendo numa multa de 250 a 2500 euros, contribuiu para que "os 'stewards' provocassem verbalmente jogadores e 'staff' do FC Porto e se gerasse desordem e confronto físico".

No despacho relata-se que os "stewards" que formaram um cordão humano no túnel "começaram também a dirigir provocações verbais aos jogadores e membros do 'staff' da FC Porto SAD presentes no local, designadamente Fernando Oliveira [responsável pela segurança do clube portista], Hulk e Sapunaru, enquanto colocavam as mãos nos aludidos elementos da FC Porto SAD no sentido de conduzi-los para o balneário da equipa".