A resistência dos futebolistas e equipa técnica do Benfica foi posta à prova na quinta-feira em Fall River, Estados Unidos, onde durante duas horas tiveram de dar autógrafos e posar para as fotografias de meio milhar de emigrantes.
Em vez dos habituais toques na bola, famílias e grupos de amigos exultantes com a presença dos campeões nacionais no restaurante “Vénus de Milo” obrigaram Saviola, Nuno Gomes e companheiros a mostrar destreza e rapidez na caneta, além de criatividade na pose e sorriso para as fotografias, e na resposta aos “piropos” de que foram sendo alvos ao longo de toda a noite.
“David Luiz fica no Benfica. O dinheiro não é tudo. Vais ser muito mais feliz no Benfica”, gritava um adepto a escassos metros do central.
“Ó Nuno Gomes, olha para aqui”, pedia outro, de máquina fotográfica em riste, furando por entre um aglomerado de adeptos. “Senhor presidente, senhor presidente!”, pedia ainda outro a Luis Filipe Vieira.
Ao centro da mesa corrida onde se sentavam os jogadores do Benfica, o troféu de campeão da Liga de 2009/10. Foi a surpresa que o presidente benfiquista trouxe como “homenagem” aos emigrantes e o primeiro grande momento de euforia da noite.
O segundo chegou à hora da sobremesa, quando jogadores e equipa técnica entraram e tomaram os lugares numa longa mesa corrida, de caneta em riste e cartolinas na mão, como uma linha de montagem.
Numa extremidade formou-se imediatamente uma fila de adeptos ansiosos e, na outra, um “stand” improvisado para venda de kits de sócio do Benfica (35 dólares, quase 28 euros), que tinha a missão vender uma centena.
Bem mais do que as cartolinas trazidas pelo clube, ao longo da noite os jogadores tiveram de autografar camisolas do Benfica - algumas vestidas - cachecóis, roupa de bebé, calendários, bolas de futebol e até chuteiras.
E, através dos altifalantes, o delegado das Casas do Benfica nos Estados Unidos e Canadá ia pedindo aos adeptos para comprarem os kits de sócio.
“O Nuno, o Javi Garcia e o... Não sei, acho que gosto deles todos”, exclamava a adolescente Cátia, visivelmente emocionada, misturando o inglês com o português de sotaque açoriano.
As horas passaram e nada de sinal de diminuir a fila que dava acesso à mesa corrida. Sem paciência para esperar, alguns “fintavam” as regras e posicionavam-se ao longo do cordão que separava a mesa do resto da sala e dali mesmo iam pedindo os autógrafos.
“Têm de ir para a linha”, repetia até à exaustão o presidente da Casa do Benfica de Rhode Island, Armando Ferreira, enquanto percorria o cordão de segurança.
Os ânimos chegaram a exaltar-se entre os adeptos que esperavam na fila e entre estes e os dois polícias que tentavam manter alguma ordem. Mas sem que nunca se pusesse em causa a boa disposição reinante.
Dois adeptos cabo-verdianos, dos muitos da comunidade de Fall River que marcaram presença, concretizaram o objetivo de ter um autógrafo de Jorge Jesus numa nota de 20 dólares. A efígie, asseguravam, é igual à cara do treinador benfiquista.
"Agora é para guardar para o resto da vida", afirmava um deles.
Outros trouxeram, devidamente emolduradas, imagens de Jesus Cristo com a cara do treinador do Benfica no lugar da do profeta. Brandindo a moldura na direção do treinador que levou o clube lisboeta à conquista do campeonato, deixou-se estar longos minutos repetindo “obrigado Jorge Jesus, obrigado”.
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