Bruno de Carvalho voltou a defender que a direção do Sporting tem condições para continuar o seu trabalho. Numa conferência de imprensa em Alvalade, ao início da tarde desta quarta-feira, o presidente do Conselho Diretivo voltou a criticar quem pede a demissão dos órgãos sociais do clube.
"Era bom que não tivesse de fazer este tipo de conferências, principalmente neste dia em que rebenta mais um escândalo no rival. Mas temos de o fazer a bem da verdade e do Sporting", começou por dizer.
"As pessoas não tem noção do que é uma democracia, do que se está a passar. [...] Mas está tudo maluco? Fomos eleitos e estamos contra a democracia? A MAG demite-se, o Conselho Fiscal também demite-e e a democracia mandava que nos demitamos? Não percebo", disse BdC.
O líder dos 'leões' sublinhou que o Conselho Diretivo "não está contra a democracia" e que foi a Mesa da Assembleia Geral e o Conselho Fiscal que se demitiram.
"O prazo que deram eram 24 de julho as rescisões podem acontecer até 14 de junho. Nós somos um orgão eleito e somos nós que estamos contra a democracia? Estamos legitimamente a cumprir o nosso mandato. Quem afastou a Mesa e o Conselho Fiscal foram eles próprios. A partir daí tivemos de tomar atos de gestão. Não é com cartas labregas a ofender as pessoas que se vai a lado algum. Vão a para a justiça e a justiça que decida. Querem uma AG destitutiva entreguem as assinaturas, os preceitos legais. Deixem a justiça correr", referiu o presidente do Sporting em conferência de imprensa.
"Onde é que está escrito na lei que temos de de nos demitir. A antiga Mesa tinha pedido uma AG que não vai haver. Aquela AG, de 23 de junho, não vai haver. Estamos legitimados. Deixem de dizer que nós não damos voz aos sócios", prosseguiu.
Na conferência de imprensa, Bruno de Carvalho voltou a defender a legitimidade da Comissão Transitória da Mesa da Assembleia-Geral, criada pelo Conselho Diretivo para substituir a MAG.
"Se as pessoas acham que a Comissão Transitória da Mesa da Assembleia-Geral é algo ilegal, vão para os tribunais. Se acham que fizemos alguma coisa de mal, vão para a justiça e deixam as coisas acontecer. Não se continuem a auto-intitular Mesa da Assembleia-geral nem Comissão de Fiscalização, que deveria ser isenta e de criação de pontes, como diz o ex-presidente da MAG, [Jaime Marta Soares]", explicou, antes de lançar um repto a Marta Soares.
"Se querem uma Assembleia-Geral destituitiva, entreguem as assinaturas, os preceitos legais. Se tiverem os preceitos todos, fazemos a AG de destituição. Nós estamos em funções e legitimados por 86 por cento na eleições e 97 por cento na Assembleia. Não mandamos ninguém embora, eles é que se demitiram. Depois tivemos de tomar actos de gestão", afirmou.
Bruno de Carvalho atribui a Marta Soares as culpas de toda a crise que se vive no Sporting.
"Tudo isto que foi feito está a colocar a época em causa. O que estão a fazer ao Sporting é um assalto, porque neste momento já há jogadores que nunca jogaram e que vão rescindir. Também estes devem ter pesadelos. O Raphinha que assinou há dias pode rescindier. Estãoa gozar comigo? Estamos com problemas, é lógico que há culpados e eles vão ser responsabilizados. Mas cá estamos para nós mais uma vez para resolver problemas que outros criaram", explicou, negando que tenha alguma culpa no que está a acontecer no clube.
"Não posso ser culpado de nada, estão fartos de nos ameaçar mas isto vai dar processos cíveis contra eles. Nunca apresentei a demissão, nunca apresentarei a demissão. Ontem fehcamos mais um dossier que se dizia ia ser um drama, um horror... Jaime Marta Soares está para o Sporting como Artur Albarran está para o jornalismo. Criou um Mogadíscio. Mas queremos sair disto. Jaime Marta Soares é o culpado de tudo", atirou.
Fonte oficial da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) revelou hoje ter pedido esclarecimentos à SAD do Sporting sobre a emissão obrigacionista de 15 milhões de euros prevista para este mês de junho.
"A emissão do empréstimo obrigacionista encontra-se sujeita a autorização prévia da CMVM que implica também a aprovação de um prospeto. O emitente já entregou uma proposta de prospeto na CMVM. Entretanto foram pedidos esclarecimentos adicionais sobre o mesmo à SAD do Sporting”, disse à Lusa fonte oficial da CMVM.
Em 12 de maio, a Assembleia Geral da Sporting SAD autorizou a administração da sociedade a efetuar novas emissões obrigacionistas até ao final do ano, até um máximo de 60 milhões de euros, a realizar mediante ofertas públicas de subscrição de obrigações ordinárias, com uma maturidade não superior a quatro anos e com o valor nominal unitário de cinco euros.
“É normal que o processo conducente à aprovação de um prospeto conheça várias interações entre a CMVM e os emitentes, no caso em apreço convém ter em conta que têm ocorrido quase diariamente desenvolvimentos informativos em torno da sociedade emitente", acrescentou a fonte da CMVM.
Na sexta-feira, o Conselho Diretivo do Sporting reiterou a continuidade do processo da emissão do empréstimo obrigacionista na SAD e da contratualização da reestruturação financeira.
A crise no Sporting iniciou-se em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com a GNR a deter 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.
Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, enquanto o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal.
No âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o 'team manager' do clube, André Geraldes.
Na sequência destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), agendada para 23 de junho, tendo ainda sido criada uma comissão de fiscalização para o CFD.
O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
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