O recorde de participação em eleições do FC Porto deve ser batido no sábado, refletindo semanas tensas de campanha entre Pinto da Costa, André Villas-Boas e Nuno Lobo, agravadas pela má fase do vice-campeão nacional de futebol.
Entre as 09:00 e as 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, os sócios do clube elegem os órgãos sociais rumo ao quadriénio 2024-2028, que, tal como no último sufrágio, em 2020, junta dois opositores a um 16.º mandato consecutivo do atual presidente Pinto da Costa.
Se o empresário e professor Nuno Lobo (lista C) é recandidato, o antigo treinador André Villas-Boas (B), que logrou quatro êxitos pela equipa de futebol do FC Porto em 2010/11, incluindo campeonato e Liga Europa, concorre pela primeira vez e surge como o principal rosto de uma contestação sem precedentes a Pinto da Costa (A), com quem foi trocando acusações e críticas até hoje, último dia de campanha admitido no regulamento eleitoral.
Sucessor de Américo de Sá desde 17 de abril de 1982, o 33.º líder máximo da história do clube, de 86 anos, foi várias vezes reeleito de forma isolada, à exceção de três alturas, a começar por 1988 e 1991, quando venceu o médico José Martins Soares, com a primeira dessas vitórias a convocar às urnas mais de 10.700 votantes, recorde jamais suplantado.
Já os 68,65% de votos somados há quatro anos permitiram bater o jurista José Fernando Rio (26,44%) e Nuno Lobo (4,91%), num ato eleitoral disperso por dois dias, mas foram a percentagem mais baixa entre as 15 vitórias eleitorais de Pinto da Costa no seu ‘reinado’.
Nunca a gestão desportiva, financeira e até infraestrutural do dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial foi tão contestada, numa fase em que o FC Porto já está arredado do título de campeão nacional e quase de fora da próxima Liga dos Campeões, ao ser terceiro colocado da I Liga a quatro rondas do fim, com os mesmos 62 pontos do Sporting de Braga, a 18 do líder destacado Sporting e a 11 do Benfica, detentor do cetro.
A única chance de conquista de troféus esta época passa pela final da Taça de Portugal, em 26 de maio, quando os vencedores das últimas duas edições da prova defrontarem o Sporting, no Estádio Nacional, em Oeiras, duas semanas exatas após o prazo-limite para a tomada de posse dos novos órgãos eleitos e cerca de um mês depois da ida às urnas.
José Lourenço Pinto tenta ser reconduzido à frente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) pela lista de Pinto da Costa, que indicou Ricardo Valente, vereador da Câmara Municipal do Porto, para render Jorge Guimarães no Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e Américo Aguiar, cardeal e bispo de Setúbal, como primeiro candidato ao Conselho Superior (CS).
André Villas-Boas, de 46 anos, apresentou António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto e ex-deputado pelo PSD à Assembleia da República, para a MAG, enquanto o economista Angelino Ferreira, que foi administrador financeiro da SAD do FC Porto e vice-presidente do clube, candidata-se ao CFD e Fernando Freire de Sousa, líder do Conselho Geral da Universidade do Porto e ex-secretário de Estado, concorre ao CS.
Já Nuno Lobo, de 54 anos, propõe o advogado Luís Barradas e o gestor Heleno Roseira para a MAG e o CFD, respetivamente, tendo abdicado de disputar o CS, órgão consultivo do clube, que é eleito através do método de Hondt e conta outra vez com um movimento autónomo liderado pelo advogado e docente universitário Miguel Brás da Cunha (lista D).
O Estádio do Dragão vai disponibilizar 44 mesas de voto aos associados, que têm direito apenas a um voto, ao contrário da diferenciação eleitoral observada nos rivais Benfica e Sporting, em função da antiguidade e, igualmente no clube de Alvalade, do tipo de quota.
Além dos não filiados, os associados correspondentes, menores de 18 anos, ainda sem renumeração efetivada ou com quota de março por pagar no sábado, não têm capacidade eleitoral ativa, sendo inviabilizado o voto antecipado, à distância ou por correspondência.
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