No final do célebre Sporting-Benfica de 14 de dezembro de 1986, que os “leões” venceram por 7-1, Manuel Fernandes, precipitou-se sobre a bola do jogo para a oferecer à sua filha, que completava nove anos de idade.
«O Gabriel apanhou logo a bola e eu disse-lhe: Gabi, essa bola é minha! Ele respondeu-me: ah, está bem, hoje fizeste os quatro golos. E eu expliquei-lhe que não era por isso, que era pela minha filha que fazia anos e eu queria oferecer-lha, autografada por todos os jogadores do Sporting», contou Manuel Fernandes em entrevista à Agência Lusa, por ocasião dos 25 anos passados sobre a vitória.
A sua filha ainda hoje guarda religiosamente a bola desse jogo e Manuel Fernandes recorda-se de lhe ter dito quando lha ofereceu: «Olha, uma bola dessas, daqui a cinquenta anos, se calhar, vale uma fortuna. Se precisares de vender...».
Apesar do estrondo e o peso da goleada, o Benfica acabou por se sagrar campeão na época de 1986/87. Manuel Fernandes tem uma explicação: «A seguir a esse jogo fomos ganhar facilmente a Elvas e o último jogo antes do final da primeira volta era em Guimarães. Se ganhássemos ficaríamos muito próximos do Benfica, que depois dos 7-1 empatou um jogo logo a seguir».
No entanto, a deslocação à “cidade berço” correu mal: «O árbitro Veiga Trigo, que hoje é meu amigo, esteve muito infeliz. Depois de uma primeira parte dominada pelo Sporting, em que marquei o primeiro golo, Veiga Trigo não assinalou um penalti claro sobre o Silvinho, que levou uma pancada fortíssima na área, e acabámos por perder por 3-1».
Na perspetiva de Manuel Fernandes, esse jogo foi «decisivo» para o Sporting «deixar escapar» o Benfica rumo ao título.
«Nós, sportinguistas, não nos sentimos realizados por ganhar ao Benfica e não ganhar o campeonato, mas é um ‘derby’ diferente de tudo o que se possa imaginar», alega Manuel Fernandes, que não falhou um único dos 24 embates entre Sporting e Benfica que se disputaram no campeonato nos 12 anos como jogador dos “leões”.
Lembrou com «orgulho» que «pôs na cabeça que nunca falharia um único ‘derby’», tendo jogado 12 na Luz e 12 em Alvalade, e sustentou que «a um bom sportinguista ou benfiquista sabe-lhe sempre bem ganhar ao rival» e que, provavelmente, uma vitória dessas tem «um valor sentimental semelhante ao de vencer o campeonato».
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