É inegável que Rúben Amorim seja o homem do momento não só no universo sportinguista, mas também a nível nacional e... até já dá cartadas no estrangeiro, para receio de muitos adeptos leoninos. No meio de mais um título de campeão nacional e das notícias de uma eventual saída, a verdade é que se recuarmos a 5 de março de 2020 poucos adivinhavam este desfecho.
"E se corre bem?": Esta foi a frase que acabou por marcar a apresentação de Rúben Amorim como treinador do Sporting e, a verdade é que, passados mais de quatro anos, é ocasião para dizer: Correu bem.
A contratação que deu muito que falar
Ainda com poucas cartas dadas como treinador, ainda sem o nível IV do curso exigido pela Liga, com passagens apenas pelo Casa Pia e pelo SC Braga (equipa B e principal) e o passado como jogador do Benfica deram muito que falar após Jorge Silas ter anunciado que Rúben Amorim era o seu substituto no comando técnico do Sporting.
A análise, os protagonistas e as fotos no especial Sporting Campeão 2023-24
Com um futuro promissor, ideias novas e um bom futebol que prometia entusiasmar - e que começava a dar cartas no Sporting de Braga -, a verdade é que a chegada de Amorim não deixou ninguém indiferente.
A sua serenidade, aliada à criação de grupos coesos e unidos, quase como se uma extensão do treinador se tratassem, levou a equipa do Sporting de volta aos patamares mais altos, mas sem nunca se deixar deslumbrar e mantendo o discurso do 'jogo a jogo' presente no quotidiano sportinguista.
A muita expectativa, e alguma desconfiança, criada à sua volta no arranque da temporada de 2020/2021, principalmente pelo grande investimento efetuado depois de ter assumido o comando técnico já na reta final da época 2019/2020, foi se tornando em certezas jogo após jogo, dispersando rapidamente as críticas ao investimento de 10 milhões de euros e da falta de experiência, uma vez que, demonstrou que "o treinador estagiário pode bater os recordes de quem tem o 4.º nível".
Do título de campeão em 2020/21 a uma época 2022/23 em turbilhão
A conquista da Taça da Liga, em janeiro de 2021, foi abrindo o apetite aos adeptos e criando as expectativas do que Rúben Amorim e os seus pupilos podiam fazer em meados de maio.
No rescaldo de um período conturbado para o Sporting, a verdade é que Rúben Amorim tornou o pesadelo num sonho, já que 19 anos depois, numa série invicta de 32 jogos, o Marquês de Pombal voltou a pintar-se de verde e branco.
Vindo de uma época de sonho, as expectativas estavam em altas para a possível conquista do bicampeonato, no início da época 2021/22. A conquista da Supertaça e a renovação do título de campeão de inverno davam esperança à massa associativa verde e branca. Contudo, foram seis os pontos que separaram o Sporting do título de bicampeão nacional.
Mas, com a chegada da temporada 2022/2023, o sonho começou a desmoronar-se logo nas primeiras jornadas, com apenas quatro pontos somados... em doze possíveis, o pior arranque de campeonato do Sporting em quase 20 anos. As dúvidas instauraram-se no universo leonino e criou preocupação entre os adeptos.
O an0 sem conquistas e o quarto lugar no campeonato, a 13 pontos do campeão, o eterno rival, Benfica, deixou 'mossa' em Alvalade, apesar de Frederico Varandas ter voltado a 'arriscar' e a demonstrar o seu apoio incondicional ao técnico. Rúben Amorim entrava quase num ano de 'tudo ou nada' em que tinha de voltar a provar o porquê de os 10 milhões não passarem... de uns simples trocos.
Um gigante passo para o título de campeão: Gyokeres, os jovens e um balneário 'à prova de bala'
Desde muito cedo, e muito impulsionado por um 'gigante', Viktor Gyokeres, que se percebeu que a presente temporada em nada seria igual a 2022/2023. O Sporting partiu de primeiro e praticamente quase nunca largou a liderança até ter o troféu bem seguro e em tons de verde e branco.
Numa temporada marcada por mais altos, do que baixos, a liderança de Rúben Amorim voltou a ser chave, à semelhança da época 2020/2021, sem 'lançar os foguetes' antes da festa, o técnico conseguiu manter um balneário coeso, algo que já é seu apanágio, e que viu no técnico a pessoa que retirava 'o peso dos ombros' dos jogadores que só tinham de jogar e... ganhar.
Num plantel, mais uma vez jovem (com uma média de 25 anos), com nomes como Gonçalo Inácio, Ousmane Diomandé, Eduardo Quaresma, Daniel Bragança, Francisco Trincão ou Geny Catamo, aliados aos experientes Adán (apesar da lesão), Luís Neto, com uma grande importância fora das quatro linhas e, claro, Sebastián Coates, o capitão que voltou a ganhar uma importância, que outrora - antes de Rúben Amorim - não tinha.
É inegável que 'o' jogador deste título foi Viktor Gyokeres, mas em muito se deve à confiança que Rúben Amorim deu ao sueco, mas sem nunca desmotivar jogadores como Paulinho que viu os seus minutos a serem bastante reduzidos, em relação a temporadas anteriores.
A verdade é que o balneário foi a primeira grande conquista de Rúben Amorim, ainda muito antes de haver um título de campeão para festejar.
O estilo de jogo de Amorim que gera a cobiça dos tubarões
"Se não ganharmos títulos, vou sair do Sporting": Foi a única garantia que Rúben Amorim deu sobre o seu futuro. Mas, com o campeonato 'no bolso', a falta de títulos já não impede a continuação do técnico em Alvalade, contudo, a cobiça dos tubarões europeus pode ser o grande entrave para a continuação do obreiro do título de campeão nacional.
O estilo de futebol de Amorim, com pressão alta, com muita posse de bola e, claro, com um faro de golo acima da média quer em ataque ou contra-ataque, são algumas das caraterísticas que têm colocado Rúben Amorim no radar de grandes clubes europeus, como é o caso do Liverpool.
Com a formação em 3-4-3, os laterais acabam por ter uma maior liberdade no ataque, o que ajuda, principalmente, no contra-ataque felino dos verdes e brancos e na facilidade, através de passes rápidos, em que chegam à baliza do adversário.
Mas, o sucesso de Rúben Amorim não é apenas dentro das quatro linhas, com uma percentagem de vitórias acima de 70%, mas também com um grande historial de aposta em jogadores que dão frutos nos principais campeonatos europeus, como é o exemplo da Premier League.
A aposta em nomes como João Palhinha, Matheus Nunes ou Pedro Porro mostram o intuito certeiro de Amorim que dá frutos não só dentro de campo, mas também fora dele, de forma a rechear os cofres do emblema de Alvalade. Numa altura em que, para além de Rúben Amorim, muito se fala de nomes como Gonçalo Inácio, Ousmane Diomandé, Marcus Edwards ou Viktor Gyokeres poderem deixar os leões para ascender aos patamares mais altos do futebol europeu.
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