O presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF), Artur Fernandes, disse esta quarta-feira à agência Lusa que o período de transferências encerrado na terça-feira se saldou por «um mercado de empréstimos e cedências gratuitas, com uma ou outra exceção».

«Conforme se previa, foi um mercado de pequenos ajustes, a que não é alheia a crise mundial», afirmou o dirigente, salvaguardando «um ou outro negócio de maior envergadura, nomeadamente com origem nos clubes alemães».

No que diz respeito ao campeonato português, «a crise refletiu-se, tal como no resto do país», disse Artur Fernandes, sublinhando: «No geral, ninguém comprou nada a ninguém».

Segundo o especialista, também ele agente credenciado pela FIFA, «terá havido pequenos movimentos financeiros, mas notou-se o abaixamento dos investimentos ao nível das transferências e dos ativos nos planteis».

«Muitos clubes aproveitaram para diminuir a carga salarial através de empréstimos a outros clubes», segundo Artur Fernandes.

Porém, para o presidente da ANAF, «a falta de investimentos nas transferências não é diretamente proporcional à falta de qualidade dos campeonatos», razão pela qual o sétimo lugar da Liga portuguesa no ranking mundial não é «beliscado» pela crise.

«Pelo contrário, pode até servir para uma maior consciencialização, gestão e scouting da parte do clubes, o que pode ajudar ao seu melhor equilíbrio financeiro», sublinhou.

Quando à crescente intervenção dos fundos financeiros nos negócios das transferências, o presidente da ANAF recomenda que se distinga entre «o produto em si, enquanto ferramenta válida da indústria do futebol, e a proveniência do dinheiro aplicado nesses fundos».

Para Artur Fernandes, as ilicitudes na origem dos dinheiros «são um problema para as autoridades policiais e Governos dos países resolverem», afirmando estar «completamente de acordo com o princípio dos fundos».

«Quem tem dinheiro deve poder investir na indústria do futebol, conforme se faz noutros mercados, como o imobiliário e o bolsista, o que acontece há mais de 20 anos», disse o dirigente.

Se assim não fosse, «não haveria determinado tipo de jogadores no nosso campeonato».