Os acessos ao sistema informático da sociedade de advogados PLMJ foram realizados a horas e em localizações “suspeitas”, explicou hoje o analista de segurança informática do escritório, no julgamento do processo Football Leaks.

De acordo com o depoimento de hoje de Jordão Palma, na 19.ª sessão do julgamento, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o analista da empresa A2IT - que trabalha em exclusivo para aquela sociedade de advogados – admitiu que só se aperceberam de uma intrusão no sistema a partir da divulgação de documentos internos na Internet e que notaram imediatamente circunstâncias estranhas ao analisarem os acessos.

“Fomos tentar perceber como foi extraído e percebemos que estava a ser usada a conta ‘Externo04’ para acessos a e-mails a horas e em localizações suspeitas”, notou a testemunha, acrescentando a este respeito que a maioria dos acessos – tanto “pontuais como prolongados” - ocorriam de “madrugada” e de “países como a Hungria”, além de serem usados “serviços de anonimização para esconder a origem”.

Sem negar que a primeira suspeita recaiu no técnico de informática (Luís Fernandes) que prestava apoio externo e a quem foram capturadas as credenciais, alegadamente por Rui Pinto, Jordão Palma frisou que foram necessárias “horas extras” para avaliar a extensão da intrusão, com a análise de acessos com “uma recorrência que não era normal” entre os utilizadores do sistema informático da PLMJ.

“Existiu uma grande preocupação em perceber o ataque para se ter a certeza de que não tinha ficado nenhum resquício, nenhuma porta aberta”, referiu o analista, que confirmou ainda ter visionado a publicação dos documentos de advogados da sociedade numa “sala segura” e que após esta situação foi reforçada a monitorização dos acessos e de privilégios dos utilizadores.

À margem deste depoimento, foram também ouvidos os advogados Pedro Rosa, Manuel Lopes Rocha e Maria Diogo Tavares, todos alvos de intrusão nas respetivas caixas de correio eletrónico e que convergiram no repúdio do alegado acesso de Rui Pinto, considerando-o “ilegítimo e gravoso”, bem como na violação do segredo profissional e na recusa de interesse público dos seus e-mails e documentos.

A fase da manhã ficou ainda completa com as audições das últimas testemunhas relacionadas com o acesso ao sistema do Sporting em 2015: Filipe Celikkaya, treinador dos sub-19, e Paulo Henriques, ex-técnico dos sub-16, que reconheceram não terem detetado qualquer sinal de acesso externo aos respetivos e-mails.

O julgamento prossegue durante a tarde, com as inquirições dos advogados António Moreira, Francisco Martins e Maria João Mata e da secretária Sónia Pacheco, todos ligados à PLMJ.

Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

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