Ouvido esta tarde no Tribunal de Monsanto via Skype, Gelson Martins, atualmente a representar o Mónaco, recordou o ataque à Academia do Sporting.
"Foi tudo muito rápido, tive medo. Paralisei um bocado, não estava à espera. Vi garrafões de água a saltar de um lado para ou outro. O que estava a acontecer ao Acuãna chamou-me mais à atenção", recorda o internacional português, a propósito da invasão ao balneário leonino, em declarações reproduzidas pelo jornal Record.
Gelson conta ainda que, depois do ataque, "nunca andava sozinho na rua". "Tive sempre receio de encontrar um adepto e voltar a acontecer o mesmo. Andei sempre com alguém comigo", admitiu.
"Claro que tive medo, paralisei durante a situação, não tive reação, tive medo. Depois, durante uns tempos também tive medo, não foi fácil, é uma situação difícil, pela qual ninguém gosta de passar. Até hoje sinto dificuldade, não foi fácil para mim nem para minha família", acrescentou o jogador.
Gelson reconheceu mesmo um dos arguidos. "Ele é do bairro da minha namorada e esteve na festa da minha filha a convite dela", afirmou, falando sobre Domingos Monteiro.
O jogador português voltou a lembrar o momento do ataque. "Estava um rapaz à minha frente que não fez nada e disse-me na altura para ficar ao pé dele, que não me ia acontecer nada. Na altura, como tinha a cara tapada, não consegui saber quem era, agora consigo perceber que era ele que estava lá e disse isso. Conhece-me a mim, à minha mulher e à minha filha. Acho que essa pessoa foi com o intuito de me proteger", indica.
O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.
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