Bruno de Carvalho disse, esta sexta-feira, que abortou uma transferência de Rui Patrício para o futebol inglês (Wolverhampton) porque Jorge Mendes, empresário do guarda-redes, pediu uma comissão que o Sporting não podia pagar.
Em conferência de imprensa em Alvalade, o dirigente sustentou que não ataca o jogador, que rescindiu unilateralmente com o Sporting, mas que este “está a ser manipulado”, e acusou Jorge Mendes e a Gestifute de querer uma comissão (percentagem do negócio de Rui Patrício e Adrien) de mais de sete milhões de euros.
Ora a Gestifute não gostou e veio contar a sua versão dos factos, num comunicado de sete pontos. A emprensa de Jorge Mendes explica que foi o Sporting quem "pediu encarecidamente à Gestifute que tentasse conseguir uma proposta para a transferência do jogador Rui Patrício, de modo a evitar a rescisão iminente deste".
Eis o comunicado da Gestifute
"1 - Na conferência de Imprensa realizada hoje, a propósito da rescisão do contrato com justa causa pelo jogador Rui Patrício, o Presidente da Sporting SAD acusou a Gestifute de fazer “chantagem” (“ou nos pagam mais de 7 milhões ou não há negócio”). Nada mais longe da verdade.
2 - Foi a Sporting SAD, através do seu Administrador Executivo Dr. Guilherme Pinheiro e do seu advogado interno que, no passado dia 23 de Maio, pediu encarecidamente à Gestifute que tentasse conseguir uma proposta para a transferência do jogador Rui Patrício, de modo a evitar a rescisão iminente deste, e propôs que, simultaneamente com esse pedido de intervenção, se resolvesse o diferendo com a Gestifute relativo ao jogador Adrien Silva, sem prejuízo do pagamento da contrapartida devida à Gestifute, já anteriormente contratualizada, pela própria transferência do jogador Rui Patrício.
3 - O referido diferendo relaciona-se com a intervenção da Gestifute na renovação do contrato do jogador Adrien Silva, a qual teve lugar também a pedido do Sporting, em 2012, numa situação em que o mesmo Sporting corria o risco de o jogador ficar livre (à semelhança, aliás, do que ocorreu na mesma altura quanto ao próprio Rui Patrício). Em contrapartida desses serviços, a Gestifute não cobrou de imediato qualquer importância, ficando a sua remuneração dependente de uma futura transferência, consistindo numa percentagem do preço respectivo, a qual não foi devidamente saldada aquando da transferência de Adrien Silva para o Leicester.
4 - O pedido dirigido à Gestifute, bem como o acordo quanto aos valores a pagar pela Sporting SAD à Gestifute e ao próprio jogador Rui Patrício, eram do conhecimento e mereciam a concordância expressa do Presidente da Sporting SAD, conforme foi expressamente garantido à Gestifute pelos representantes da Sporting SAD; tais valores, aliás, constam expressamente das minutas contratuais, validadas por tais representantes.
5 - Nada neste processo — rigorosamente nada — decorreu por iniciativa da Gestifute, a qual se limitou a aceder a uma quase súplica do Sporting, e unicamente pela consideração devida a esta instituição.
6 - A Gestifute tudo fez para conseguir obter o acordo de um clube inglês para a transferência do jogador Rui Patrício pelos 18 milhões de euros pretendidos pela Sporting SAD, tendo inclusivamente o jogador, satisfeito com esta possibilidade, realizado exames médicos no dia de ontem, com autorização da Sporting SAD. Tudo isto, mais uma vez, com o conhecimento e concordância expressa do Presidente da Sporting SAD.
7 - De forma totalmente surpreendente, o negócio acabaria por fracassar ontem ao fim da tarde quando o Administrador Executivo da Sporting SAD, Dr. Guilherme Pinheiro, visivelmente constrangido e embaraçado, transmitiu à Gestifute que o Presidente da Sporting SAD afinal exigia um aumento no preço de 2 milhões de euros: “mais dois milhões ou não há negócio” — o que foi recusado de imediato pelo clube comprador. Em duas palavras: o negócio não fracassou por qualquer chantagem da Gestifute; o negócio fracassou por força de uma exigência adicional inopinada e de última hora ao arrepio das condições já perfeitamente definidas e acordadas.
8 - Todos estes factos poderão ser naturalmente confirmados pelos referidos administrador executivo, Dr. Guilherme Pinheiro, e advogado interno, supondo que à sua obrigação de não faltarem à verdade não se sobreponha um outro qualquer dever deslocado de lealdade para quem definitivamente não a merece."
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