O Benfica aproveitou o 1 de abril para derrubar vários obstáculos dignos do Dia das Mentiras: goleou o SC Braga (algo que não acontecia há 32 anos) sofreu um penálti, 377 dias depois, chegou a centena de golos e deu mais uma prova de vitalidade rumo ao tricampeonato. Mas nem tudo foram "rosas" na Luz, num jogo onde os minhotos apenas se podem queixar de si próprios.
Naquele que era considerado por muitos, o obstáculo maior dos "encarnados" até ao título, a formação de Rui Vitória construiu uma goleada de 5-1 que teve tanto de mérito do Benfica como demérito do Braga. Isto porque até ao primeiro tento da formação da Luz, os minhotos já tinham tido três grandes oportunidades de golo, inclusive com uma bola aos ferros logo nos primeiros segundos.
Com Gaitán recuperado, Rui Vitória não teve de mexer muito no onze base. O argentino e Pizzi dividiram as laterais do ataque, Fejsa fez dupla com Renato Sanches no meio e Jardel voltou ao onze, ao lado de Lindeloff. Já no Braga, sem Vukcevic e Josué, Paulo Fonseca apostou em Mauro para o meio, e Wilson Eduardo na frente, a fazer dupla com Hassan.
Os primeiros 15 minutos do Braga na Luz foram muito bons. Segurança a sair com a bola a ser trocada de pé para pé, facilidade em passar a primeira linha de pressão do Benfica e muitas opções de passe na última zona de ataque. Ainda nem se tinha jogado um minuto e já Wilson Eduardo atirava ao poste, após passe de Hassan. Depois foi Rafa e o próprio Hassan desperdiçar mais duas oportunidades claras de golo. Ora no futebol, a máxima de "quem não marca, sofre", pode tardar mas nunca falha.
Rui Vitória trazia a lição estudada e sabia como derrubar o atrevido Braga: "Uma das estratégias passava por condicionar a fase inicial do jogo do Braga. Sabíamos que na fase inicial poderia haver um erro. Conseguimos anular as jogadas do Braga, fizemos isso muito bem. A nível defensivo também estivemos muito bem e isso foi fundamental", contou o técnico, justificando o primeiro golo "encarnado". Nasceu da pressão do Benfica que obrigou a uma perda de bola de Mauro que a deixou em ... Mitroglou. O grego agradeceu e provocou a primeira explosão de alegria na Luz.
A partir daí o Benfica ganhou tranquilidade e o 2-0, de grande penalidade, deixou a equipa mais solta, ao contrário do Braga, que já não parecia tão tranquila a sair. "Até acontecer o golo do Benfica, tivemos duas oportunidades claras para marcar. O primeiro golo do Benfica resulta numa perda de bola nossa e o penálti trouxe estabilidade ao Benfica e complicou a nossa tarefa", reconheceu Paulo Fonseca, antes de justificar o risco assumido na saída de bola da equipa.
"Sei que provavelmente vão crucificar um ou outro jogador da minha equipa, mas quero dizer que aqui só há um responsável, sou eu. Sou eu porque exijo esta coragem aos meus jogadores, sou eu que peço aos meus jogadores para arriscarem e por isso peço que se responsabilizarem alguém, que seja o treinador do Braga", contou, na conferência de imprensa.
A verdade é que até aí, o Braga tinha conseguido passar, com alguma facilidade, pelo meio-campo do Benfica. Com um jogo curto, entrelinhas, de passes certeiros, e com Rafa e Pedro Santos a derivarem para o meio, os minhotos conseguiram sair da primeira zona de pressão do Benfica e transportar a bola até perto da área. Faltava apenas definir com maior critério no último sector.
Já com o Braga a perder gás e após mais uma perda de bola no meio-campo, Pizzi correu com o esférico e aproveitou um movimento de Mitroglou para rematar de fora da área e bater Matheus pela terceira vez. Antes, Jonas tinha feito o 2-0 de grande penalidade, o seu 30º golo na Liga (o primeiro a chegar aos 30 golos na Europa), após mão na bola de André Pinto.
No segundo tempo, com mais espaço para atacar, perante um Braga que nunca desistiu, os "encarnados" fizeram o 4-0 e o 5-0. Primeiro por Mitroglou, a aproveitar um passe de Jonas após jogada de contra-ataque. Depois por Samaris (entrou para o lugar de Fejsa), de livre direto, naquele que foi o primeiro marcado pelo Benfica dessa forma. Ainda houve espaço para mais alguns toques de classe, para delírio dos mais de 60 mil que estiveram na Luz e empurraram o Benfica para mais uma goleada.
Já nos descontos, e depois de mais duas oportunidades perdidas (uma por Hassan num remate ao poste e outra por Mauro), os minhotos reduziram por Pedro Santos, na transformação de uma grande penalidade por falta de Nélson Semedo sobre ele próprio. Foi também o primeiro penálti marcado contra o Benfica esta época, o primeiro penálti ao cabo de 377 dias.
A vitória não sofre contestação, embora por números, talvez, exagerados. Tal como no jogo da Primeira Volta na Pedreira, o Benfica voltou a mostrar uma tremenda eficácia e o Braga ... pontaria a mais. Nos dois jogos os minhotos atiraram aos ferros por cinco vezes. É de louvar a forma como Paulo Fonseca encarou o jogo mas a estratégia só surtiria efeito caso a equipa tivesse sido mais eficaz.
O Benfica vai assim enfrentar o Bayern Munique na Alemanha, para a Liga dos Campeões, após uma goleada moralizadora. O ataque "encarnado" tem sido tremendamente eficaz: a equipa de Rui Vitória chegou à centena de golos esta temporada.
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