Joaquim Evangelista esteve em Espanha, para a conferência de imprensa em que a Associação de futebolistas espanhóis (AFE), através do seu presidente, Luis Rubiales, anunciou uma greve para as duas primeiras jornadas. O presidente do Sindicato português garante que a mesma vai para a frente e que não se trata, apenas, de uma ameaça.

«É uma posição definitiva. O presidente do conselho superior do desporto e o secretário de estado estão a tentar sentar a Liga e o sindicato [AFE] à mesa, mas têm uma posição definitiva. Se não for alterada a posição da Liga, a greve vai-se fazer» explicou Joaquim Evangelista ao SAPO Desporto.

O presidente do Sindicato de Jogadores garante que «se a Liga não ceder, a AFE não vai ceder» e confessou que «não estava à espera» que uma tomada de posição como esta fosse tomada por uma liga de futebol como a espanhola.

No entanto, lembra que em Espanha há «uma realidade diferente». «Não se compreende que uma Liga como a espanhola, que é neste momento a mais mediática do Mundo, haja 50 milhões de euros de divida acumulada aos jogadores. Eles têm uma lei, chamada a Lei concursal que permite inscrever jogadores apesar das dívidas. Em Portugal, há mecanismos que impedem isso», lembrou, sublinhando que muito do problema passa por a liga espanhola não mostrar disponibilidade para «atacar este problema».

Neste caso específico, Joaquim Evangelista realçou a solidariedade de todos os jogadores, nomeadamente dos mais mediáticos, como os madridistas Casillas e Xabi Alonso e o catalão Puyol, que mesmo fazendo questão de afirmar que não é um problema que os afete, não deixam de apoiar os restantes colegas de profissão. Algo que em Portugal fica mais difícil, pela «descaracterização dos clubes» como FC Porto, Benfica ou Sporting.

«Nós temos um problema acrescido, a descaracterização. Jogadores com muitos anos de clube, como é o caso dos espanhóis, com Casillas e Puyol», frisou.

Quando questionado sobre o efeito de contágio, o presidente do Sindicato diz que uma greve em Portugal «para já não», mas que a instituição vai continuar com a «posição critica e de diálogo».

«Em Espanha têm outra postura por causa da sua cultura desportiva, o jogador em Espanha é mais valorizado, mais respeitado, o que lhe permite ter outro tipo de afirmações», concluiu.

Joaquim Evangelista foi convidado pela AFE e esteve presente na conferência de imprensa da semana passada, no dia 11 de agosto, tendo mesmo sido chamado a intervir. Para além do presidente do Sindicato de Jogadores Portugueses estiveram também presentes os homólogos italiano e francês.

Esta quarta-feira, em Madrid, pelas 10h00 (9h00 em Lisboa), Liga e AFE reúnem de novo para discutir o contrato de trabalho coletivo dos jogadores. Caso não se chegue a um entendimento, haverá paralisação nas duas primeiras jornadas da I e II divisões espanholas.