Foram dez longas temporadas sem que os adeptos o Benfica festejassem a conquista do troféu mais desejado troféu do futebol português. Onze anos sem 'ir ao Marquês'. Nunca a espera tinha sido tão grande para os adeptos do clube da Luz. Mas, a 22 de maio de 2005, essa espera chegou ao fim. O Benfica somava no Estádio do Bessa o empate de que necessitava - e que afinal até nem seria necessário, dado que o FC Porto viria também a empatar o seu jogo - para selar a conquista do título de campeão nacional, o 30º da sua história. E a festa pôde começar.

Começou precisamente no Bessa, seguiu pelas ruas do Porto com o percurso da equipa até ao aeroporto Sá Carneiro, mas depressa se estendeu a todo o país, com o Marquês de Pombal a encher-se de encarnado como há muito não havia memória.

Marquês 'reservado' uma semana antes

A festa, a bem dizer, havia ficado alinhavada uma semana antes, na penúltima jornada, quando o Benfica bateu na Luz o Sporting por 1-0, deixando aí para trás o rival lisboeta, que muitos consideravam o principal favorito ao título nessa época. Foi o jogo daquele golo de Luisão, aos 83 minutos, em que o brasileiro saltou com Ricardo, acabando por cabecear para o fundo das redes. Um golo que ainda hoje divide opiniões entre os adeptos dos dois clubes em relação a uma eventual falta do defesa 'encarnado' sobre o guarda-redes 'leonino'.

O polémico lance entre Luisão e Ricardo no Benfica-Sporting de 2004/05
O polémico lance entre Luisão e Ricardo no Benfica-Sporting de 2004/05 créditos: slbenfica.pt

As duas equipas entraram para esse jogo em igualdade pontual. O Sporting de Peseiro tinha vencido o Benfica por 2-1 na primeira volta e uma vitória 'verde e branca' afastava as 'águias' da corrida. O empate deixava o Sporting a precisar de apenas um ponto na última jornada, em que recebia o Nacional, para se sagrar campeão. Mas uma vitória do Benfica por 1-0 ou por mais do que um golo de diferença arredava os 'leões' da luta e era o Benfica que ficava a precisar de apenas um ponto na derradeira ronda, em que visitava o Boavista, para não se ver ultrapassado pelo FC Porto. E o Benfica acabou mesmo por ganhar com um golo sem resposta.

A confirmação chegou no dia 22

Para a última jornada, a da confirmação do tão desejado e há muito aguardado título, o Benfica, treinado por Giovanni Trapattoni, a 'Velha Raposa' do futebol europeu, que tinha sido alvo de forte contestação até meio da época, entrou em campo no Estádio do Bessa com Quim (que a meio da temporada ganhou a titularidade a Moreira) na baliza, Miguel, Luisão, Ricardo Rocha e Manuel dos Santos (um mal-amado franco-caboverdiano) na defesa, Petit, Manuel Fernandes, Nuno Assis e Geovani (o 'soneca') no meio-campo, e Nuno Gomes e Simão Sabrosa no ataque. No banco estavam Moreira, João Pereira, Alcides, Fyssas, Bruno Aguiar, Delibasic e Pedro Mantorras, que tão importante fora como 'arma secreta' ao longo da época.

Os adeptos do Benfica encheram o Estádio do Bessa a 22 de maio de 2005
créditos: créditos: DR | Site oficial do SL Benfica @slbenfica.pt

O primeiro salto de alegria dos adeptos veio aos 38 minutos, quando Simão abriu o ativo para as 'águias' na transformação de uma grande penalidade. Em Alvalade, por essa altura, já o Sporting - psicologicamente de rastos depois de, para além da I Liga ter também visto fugir, a meio da semana, a Taça UEFA - perdia em Alvalade por 3-0 com o Nacional. Mas os 'leões' já nem contavam para as contas. Porém, apenas quatro minutos volvidos, um susto:o brasileiro Éder Gaúcho restabelecia a igualdade para o Boavista.

E a ansiedade cresceu quando, alguns quilómetros ao lado, o FC Porto marcou por Ibson no arranque da segunda parte e colocou os 'dragões' em vantagem na receção à Académica. Por essa altura, novo golo do Boavista colocaria os 'azuis e brancos' no topo da tabela, visto estes terem vantagem no confronto direto com as 'águias'. Os minutos foram passando sem mais alterações nos resultados nos encontros do Bessa e do Estádio do Dragão. Até que, aos 89 minutos, a Académica surpreendia e empatava no 'Dragão', por Joeano. Um golo festejado no Estádio do Bessa como se ali tivesse sido marcado.

Já não restavam muitas dúvidas. O Benfica estava prestes a sagrar-se campeão. E quando Pedro Henriques, o árbitro do encontro, apitou pela última vez nesse jogo no Estádio do Bessa os festejos puderam começar. Uns festejos que os adeptos 'encarnados' esperavam desde a temporada de 1993/94 - aquela marcada pelos 6-3 em Alvalade.

Desde então, não mais tinham podido festejar a conquista do título de campeão e pelo meio tinham visto o clube ganhar apenas duas Taças de Portugal em nove anos, ficando mesmo por duas vezes fora do acesso às competições europeias e chegando até a terminar uma edição da Liga portuguesa no 6.º posto, a sua pior classificação de sempre.

Chegava ao fim aquele que foi, talvez, o período mais negro da história do Benfica, pelo menos no que à conquista de troféus diz respeito. E iria começar uma era bem mais dourada. Desde então, em 15 anos o Benfica conquistou seis campeonatos, duas Taças de Portugal, cinco Super Taças e sete Taças da Liga.

Festejos do Benfica em 2004/05
créditos: créditos: DR | Site oficial do SL Benfica @slbenfica.pt

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