O treinador Henrique Calisto manifestou hoje “surpresa absoluta” pela sua demissão do Paços de Ferreira, considerando que se trata de "grande injustiça e ingratidão" dos responsáveis do clube da I Liga de futebol.

"Convocaram-me hoje para uma reunião no clube, às 14:00, na qual estavam presentes os presidentes adjuntos Paulo Meneses e Rui Seabra, o senhor Teófilo, diretor, e o Carlos Carneiro, e disseram-me que os resultados desportivos não eram os desejados e, por isso, pretendiam rescindir", disse Henrique Calisto à agência Lusa.

O técnico disse que "nada fazia prever" esta decisão, afirmando que foi uma "surpresa absoluta", e não se coibiu de falar em "grande injustiça e ingratidão" dos responsáveis do clube face "ao trabalho  desportivo de há dois anos", quando assumiu o Paços no último lugar, ao fim de 11 jornadas, e acabou o campeonato no 10.º lugar.

"Até dezembro, estivemos a recompensar o plantel, não tendo sido possível, por falta de vagas, contratar mais dois jogadores, um deles para o ataque, mas temos vindo a jogar melhor. Fizemos nove pontos, o Olhanense fez oito, o Belenenses oito, o Gil [Vicente] cinco, e não há resultados?", questionou o técnico.

Henrique Calisto deu também conta de uma reunião do grupo anterior ao jogo em Setúbal (derrota por 4-0), para "reformular objetivos", na qual, garante, "todos os jogadores por escrito manifestaram confiança e disseram haver capacidade suficiente para alterar isto".

A direção do Paços de Ferreira publicou hoje na sua página oficial um curto comunicado confirmando que "rescindiu com a equipa técnica liderada pelo Prof. Henrique Calisto".

"Mais lamenta que os resultados desportivos não tenham sido condizentes com o trabalho realizado. Aproveita ainda para agradecer todo o trabalho desenvolvido em prol do clube e deseja-lhe os maiores sucessos pessoais e profissionais", pode ainda ler-se na nota do clube.

Apesar das várias tentativas, não foi possível obter reações dos responsáveis pacenses a esta decisão.

Henrique Calisto sucedeu a Costinha no comando técnico do Paços de Ferreira, após a derrota caseira com o Vitória de Guimarães (3-1), para a nona jornada, a 28 de outubro, e deixa o clube na 20.ª jornada, igualmente no 16.º e último lugar da I Liga, após a goleada sofrida no terreno do Vitória de Setúbal (4-0).

À entrada para o último terço do campeonato, quando faltam 10 jornadas para o fim, o Paços de Ferreira é o "lanterna vermelha", com 13 pontos, menos três do que Olhanense e Belenenses e a seis de Gil Vicente e Arouca.