O Benfica, com Jorge Jesus do outro lado da ‘barricada’, no rival Sporting, procura conquistar o tricampeonato que lhe escapa há 38 anos, numa época 2015/2016 em que o FC Porto tenta evitar um terceiro ano consecutivo em ‘branco’.

Jorge Jesus, que conquistou três títulos nacionais em seis temporadas e deixou o Benfica como o treinador com maior número de troféus conquistados (10), protagonizou a transferência mais sensacional do defeso, ofuscando mesmo a contratação do guarda-redes espanhol Iker Casillas pelo FC Porto.

O Benfica contratou Rui Vitória para o lugar de Jorge Jesus, mas o ex-técnico do Vitória de Guimarães não terá tarefa fácil para repetir o último ‘tri’ benfiquista, conquistado entre 1975 e 1977, e fazer esquecer o treinador que há menos de três meses levou o clube à conquista de um bicampeonato que perseguia há 31 anos.

O primeiro duelo entre os dois técnicos foi favorável a Jorge Jesus, que no domingo venceu a Supertaça, ao impor-se a Rui Vitória por 1-0, graças a um golo de Andre Carrillo, num jogo em que ambas as equipas se apresentaram desfalcadas de lesionados de longa duração: William Carvalho e Ewerton, no Sporting, e Salvio, no Benfica, que nesta partida também não pôde contar com Luisão.

O FC Porto, que desde 1984 apenas por uma vez esteve três anos consecutivos sem se sagrar campeão nacional, entre 1999 e 2002, manteve a confiança no treinador espanhol Julen Lopetegui, que na época passada não venceu qualquer troféu, apesar de ter atingido os quartos de final da Liga dos Campeões.

Os ‘dragões’ foram a equipa que perdeu mais jogadores influentes, com as saídas de Danilo, Casemiro (ambos para o Real Madrid), Quaresma (Besiktas) e Jackson Martínez (Atlético de Madrid), tendo ainda a situação de Óliver em suspenso, mas também a que efetuou as contratações mais sonantes.

Além de Casillas, o FC Porto reforçou-se com o francês Giannelli Imbula, a transferência mais cara de sempre para o futebol português, por 20 milhões de euros, e o avançado ítalo-argentino Pablo Osvaldo, que espera poder ser o sucessor de Jackson, melhor marcador da Liga nas últimas três épocas, tendo ainda ‘desviado’ o veterano Maxi Pereira do Benfica.

Nos ‘encarnados’, Maxi Pereira e Lima (Al Ahli) foram os dois únicos titulares na época passada a abandonar o clube – ainda que Nico Gaitán continue próximo da ‘porta de saída’ -, mas, talvez por isso, só o grego Kostas Mitroglou se destaca entre as caras novas na Luz, onde a aposta passa por um melhor aproveitamento dos jogadores provenientes da equipa B.

O Sporting, cujo último título remonta a 2002, ficou desfalcado de Nani, que estava emprestado pelo Manchester United, e Cédric Soares (Southampton), tendo-se reforçado com João Pereira, o costa-riquenho Bryan Ruiz, o colombiano Teófilo Gutiérrez, o brasileiro Naldo e o italiano Alberto Aquilani, e resistido ao ‘assédio’ a William Carvalho.

A pré-época também foi ‘pintada’ em vários tons: enquanto o Benfica não ganhou nenhum dos cinco jogos que realizou durante a digressão pela América do Norte, tendo mesmo perdido três, o Sporting não perdeu qualquer das cinco partidas disputadas, vencendo inclusive quatro, e o FC Porto obteve três triunfos em sete encontros.

O Sporting de Braga, mesmo tendo perdido Éder para o Swansea City, assumiu a candidatura ao título pela voz do novo treinador, Paulo Fonseca, substituto de Sérgio Conceição, que deixou o clube minhoto de forma litigiosa.

Se o Braga não conseguir equiparar-se aos três ‘grandes’, é, pelo menos, o mais forte candidato na luta pelos lugares de acesso às competições europeias, à frente do rival Vitória de Guimarães, do Marítimo e do Nacional, ainda que na época passada o Belenenses tenha surpreendido as duas equipas madeirenses.

As restantes 10 equipas, entre as quais o Tondela e o União da Madeira, os dois recém-promovidos da II Liga, deverão resignar-se a lutar, com mais ou menos armas, pela permanência no escalão principal do futebol português.