A retumbante vitória do Sporting sobre o Benfica por 7-1, a 14 de dezembro de 1986, teve grande impacto mediático, com a imprensa a retratá-la como «uma jornada histórica» em que os «leões devoraram gulosamente as águias».
Esta imagem foi utilizada pelo jornalista Aurélio Márcio, no jornal A Bola, enquanto o colega Joaquim Rita aludia ao Benfica como uma equipa «reduzida a nada, em tarde desoladoramente longa» e Santos Neves titulava na sua crónica do jogo «Um tufão que fica para a história».
«Bom dia Sporting! – exclamou o campeonato», lia-se em A Bola, referindo-se a uma equipa «liberta de complexos» que deu «um espetáculo de futebol dinâmico», aproveitando as fraquezas alheias para «devorarem até às penas pobres águias em voo rasante».
«Colapso» era outro dos títulos que retratava a estrondosa goleada sofrida pelo Benfica, cujos jogadores no final eram a imagem da desolação.
«Foi a pior tarde da minha vida», desabafou o lateral esquerdo Álvaro Magalhães, enquanto o médio Carlos Manuel escusou-se a comentar a partida, resumindo o seu estado de espírito numa frase: «Preciso de fugir».
Já o guarda-redes Silvino, que foi buscar a bola por sete vezes ao fundo das redes, disse o que se passou em Alvalade foi um «mero acaso», embora tenha admitido no dia seguinte não ter dormido bem.
«Em tarde de São Manuel, um jogo para recordar», lia-se na crónica do jogo do jornal Record, assinada por João Marcelino, numa alusão aos três “Manueis”, o Fernandes, autor de quatro golos, o Marques, massagista alvo de homenagem de despedida, e o José, o treinador, que em quinze dias «passou do oito (saída do estádio pela porta pequena) ao oitenta (aplaudido e vitoriado)».
Na análise à equipa “encarnada”, no mesmo jornal, Rui Dias sintetizava a exibição encarnada com os títulos «Treze craques reduzidos a expressão insignificante» e «Treze nomes para uma página negra da história do Benfica».
“Seteporting” era a manchete do jornal A Gazeta dos Desportos, cujo cronista Daniel Reis titulava «Viva o produto nacional», numa alusão ao facto de as duas equipas terem apresentado nove jogadores portugueses nos respetivos “onzes” iniciais - no mais recente “derby”, na Luz, o Benfica jogou só com estrangeiros de início e o Sporting com três nacionais.
O Record dava conta de que, no final do jogo, os adeptos do Benfica «resolveram pôr as bancadas a arder, fazendo fogueiras com tudo quanto tinham à mão, desde bandeiras a cachecóis».
Ficha do Sporting-Benfica, 7-1.
Estádio de Alvalade (14 de dezembro de 1986).
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: 1-0, Mário Jorge (15); 2-0, Manuel Fernandes (50), 2-1, Vando (59), 3-1, Meade (65), 4-1, Mário Jorge (68), 5-1, Manuel Fernandes (71), 6-1, Manuel Fernandes (83), 7-1, Manuel Fernandes (86).
Equipas:
- Sporting: Damas, Gabriel, Venâncio, Virgílio, Fernando Mendes (Duílio, 78), Oceano, Zinho, Litos (Silvinho, 78), Mário Jorge, Manuel Fernandes e Meade.
(Suplentes: Vital, Duílio, Negrete, Silvinho e Mc Donald).
- Benfica: Silvino, Veloso, Dito, Oliveira, Álvaro, Shéu (Nunes, 58), Carlos Manuel, Diamantino (César Brito, 72), Vando, Chiquinho e Rui Águas.
(Suplentes: Neno, Samuel, Nunes, Zivkovic e César Brito).
Árbitro: Vítor Correia (Lisboa).
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