Várias equipas de futebol sofreram na pele as consequências dos incêndios que fustigaram Portugal no domingo. Uma delas foi o Desportivo de Chaves, que demorou oito horas a ir de Fátima até Trás-os-Montes, numa viagem que devia durar duas horas. A odisseia da viagem foi contada pelo treinador Luís Castro, que acusa as autoridades de "total desorientação". ao jornal Record,
"Vivemos momentos angustiantes e demorámos imenso tempo para chegar ao destino, mas isso não foi nada comparado com quem perdeu todos os seus bens e até mesmo a vida. Deu para perceber a total desorientação e o caos na forma como tudo se coordena. Fomos consultando páginas oficiais e falando com autoridades que nunca nos deram informações corretas", começou por contar o técnico ao jornal Record.
O trinador dos flavienses explicou depois o caos vivido na viagem de regresso a casa, numa vigem com inúmeras paragens na autoestrada e até inversões de marcha para fugirem às chamas, depois da sua equipa ter eliminado o Fátima da Taça de Portugal.
"A viagem de regresso a Chaves estava prevista para ser feita pela A1 e foi nela que viajámos até à zona da Mealhada, onde nos deparámos com o trânsito cortado. Estivemos ali retidos algum tempo e depois indicaram-nos um desvio para a A17, que nos levaria a Viseu. Ao longo da viagem vimos sempre muitos incêndios, mas a A 17 também foi cortada. Aqui começou a notar-se a falta de orientação e controlo das autoridades. Desviaram-nos para o IC2, mas na zona de Penacova estava um verdadeiro inferno. Tivemos de inverter a marcha. Estivemos mais de uma hora para percorrer pouco mais de 100 metros. Tentámos a A25, mas acabámos por regressar à zona de Reigoso, e apanhámos a A1, depois a A3, A7 e A24, de Ribeira de Pena até Chaves", contou Luís Castro.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 36 mortos, sete desaparecidos e 62 feridos, dos quais 15 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.
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